Ministério Público do Equador pede prisão domiciliar de ex-presidente por suspeita de corrupção

AP - Dolores Ochoa

O Ministério Público do Equador solicitou na sexta-feira (3) a prisão domiciliar do ex-presidente Lenín Moreno por suspeita de corrupção. O presidente e outras 36 pessoas, entre elas familiares do presidente, são acusadas em uma investigação de terem recebido suborno de uma empresa chinesa em troca do contrato de construção da maior hidrelétrica do país.

Os 37 réus, incluindo parentes próximos do ex-presidente, "teriam supostamente recebido suborno de quase 76 milhões de dólares". O montante é, segundo a promotoria, "a maior quantia investigada em atos de corrupção na história do Equador".

A rede de corrupção teria operado de 2009 a 2018 em torno da construção do projeto hidrelétrico Coca-Codo Sinclair, realizado pela empresa chinesa Sinohydro. A construção custou US$ 2,3 bilhões aos cofres públicos do país.

A procuradora-geral, Diana Salazar, pediu a prisão preventiva de todos os investigados, sendo que foi solicitada prisão domiciliar no caso dos 14 suspeitos com mais de 65 anos, entre eles o ex-presidente.

Moreno, que governou o país entre 2017 e 2021, nega as acusações. Ele hoje mora no Paraguai, onde ocupa o cargo de comissário da Organização dos Estados Americanos (OEA) para Assuntos de Deficiência.

Político teria comprado apartamento na Espanha

A investigação aponta que, além de Moreno, fizeram parte do esquema sua esposa, sua filha, seus irmãos e cunhadas.

De acordo com o Ministério Público, o grupo familiar de Moreno teria recebido cerca de 660.000 dólares da rede de corrupção. A fim de determinar o valor, as autoridades examinaram as informações bancárias da empresa Ina Investment, ligada a Moreno, através da qual foi feita a compra de um apartamento na Espanha e móveis para uma casa na Suíça.


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