Minuta golpista é a primeira prova de que governo Bolsonaro cogitou golpe, avalia PF
Documento que previa decretação de Estado de Defesa foi encontrado na casa de Anderson Torres
(REUTERS/Adriano Machado)
Minuta golpista encontrada na casa de Torres pode complicar a vida de ex-ministro e de Bolsonaro;
Documento previa a decretação de Estado de Defesa no TSE para alterar o resultado das eleições;
Segundo a equipe de Lula e a PF, esta é a primeira prova de que foi cogitado um golpe.
A minuta golpista encontrado na casa do ex-ministro da Justiça, Anderson Torres, é a primeira prova de que o governo Jair Bolsonaro (PL) cogitou dar um golpe de Estado após as eleições do ano passado. A avaliação é da equipe de Lula (PT) e de investigadores da Polícia Federal.
A minuta, que previa a decretação de Estado de Defesa no TSE (Tribunal Superior Eleitoral) para mudar o resultado do pleito, também complica a situação de Bolsonaro e de Torres. Segundo os investigadores ouvidos pelo blog do Valdo Cruz, do g1, ambos terão que explicar o objetivo do decreto.
Nesta quinta-feira (12), logo após o manuscrito ser encontrado na casa de Torres, o advogado Rodrigo Roca afirmou que não foi seu cliente que o redigiu. Ele argumentou que “todos os dias tinha alguém propondo golpe”, mas que isso “nunca foi levado ao [ex] presidente” Bolsonaro. O ex-ministro também informou que o decreto estava em uma pilha de descarte.
Para a Polícia Federal, as primeiras explicações não convencem. Mesmo que Torres afirme que a proposta foi descartada, os investigadores lembram que ele precisa informar quem foi o responsável pela ideia.
A revelação da existência da minuta provocou um alvoroço na cúpula do Palácio do Planalto, que acredita que Bolsonaro não estava apenas fazendo ameaças quando colocava em xeque o resultado da eleição, mas sim planejando uma forma de se manter no poder.
"É um elo da corrente golpista", classificou o ministro da Justiça, Flavio Dino. O ministro Jorge Messias, da Advocacia Geral da União, também se manifestou:
"É gravíssimo e é a materialidade que mostra o real objetivo dos eventos do dia 8 de janeiro", disse em referência aos atos terroristas no Distrito Federal.
No campo das investigações sobre a manifestação que resultou na depredação das sedes dos Três Poderes, o governo Lula defende pressa nas apurações para que os processos cheguem ao plenário do STF e os golpistas sejam punidos, de forma a impedir novos ataques.