Moradores de áreas afetadas por deslizamentos em São Sebastião vivem momentos de caos
Quando a água da enchente entrou em sua casa e bateu na altura de seu joelho, neste domingo, o designer Edvan dos Santos decidiu sair com a mulher e a filha em busca de um abrigo com medo de que pudesse ser vítima de um deslizamento. Ele é morador do bairro do Camburi, em São Sebastião (SP), um dos afetados pelas fortes chuvas na cidade que fica no Litoral Norte paulista.
Nesta segunda-feira, ao voltar à casa sozinho, Santos diz que precisou se embrenhar por fios de eletricidade de postes que caíram na região. O imóvel onde mora ainda tem a estrutura preservada, mas há risco de novos deslizamentos. A família perdeu a maioria dos móveis.
De acordo com ele, o nível da água chegou a quase dois metros de altura em sua rua, obrigando os vizinhos a abandonarem suas casas.
— Os deslizamentos que houve por aqui foram a alguns metros de distância, mas sabemos que ainda tem risco e por isso não voltamos para casa. Passamos a noite em um posto de gasolina — afirmou Edvan, por telefone.
Falta de água potável
Santos conta que sua maior dificuldade, agora, é conseguir água potável. O abastecimento foi interrompido devido aos deslizamentos e os supermercados do bairro não têm aceitado pagamento por Pix e cartões em razão do fraco e oscilante sinal de telefonia no local.
Na manhã desta segunda-feira, o governo estadual enviou caminhões com 30 mil litros de água à região, mas eles ainda não chegaram ao bairro.
— A falta d’água é um ponto importante agora, precisa chegar o quanto antes. Também está dificultando a vida de todo o mundo a falta de sinal de celular porque obriga os mercados a aceitarem só pagamento em dinheiro. As filas estão enormes — disse ele.
Irmã de Edvan, a vendedora ambulante Paulete Santos é uma liderança local no bairro de Juquehy, que fica entre Camburi e Barra do Sahy — a comunidade mais afetada pelas chuvas. Apesar da proximidade geográfica, no entanto, ela não pode encontrar o irmão porque trechos da rodovia Dr. Manuel Hyppólito Rego (SP-055) ainda estão interditados por quedas de barreira.
Em Juquehy, a casa de Paulete também inundou, mas está entre as menos afetadas, conta ela.
— Muitos amigos perderam casa, carro ou pertences com os deslizamentos aqui. Você olha para os lados e vê desmoronamento de terra e carros que foram arrastados. Agora, Quem está em Juquehy já consegue sair no sentido Bertioga pela rodovia Imigrantes, mas não consegue ir para o sentido de Caraguatatuba — contou ela à reportagem, também por telefone.
A necessidade mais urgente da população local, no momento, é receber água e produtos de higiene.
— Estão chegando doações, mas ainda é pouco perto do que precisamos. Temos desabrigados sendo recebidos em duas igrejas no bairro — afirmou Paulete.
Ela conta que, agora, o sinal de telefonia é oscilante e a rede está congestionada. Vizinhos que têm buscado transmitir ou receber informações sobre parentes têm tido dificuldade.