De moto, vira-lata influencer e tutor vencem desafio da Harley-Davidson e doam mais de R$ 90 mil

Colete de couro personalizado com seu nome, Ăłculos escuros, protetor de ouvido e uma bandana para completar o estilo. Pronta para acumular mais quilĂŽmetros rodados. Molly subiu pela primeira vez numa moto aos 2 anos de idade. Hoje, aos 8 anos, a vira-lata nĂŁo sĂł Ă© experiente sobre duas rodas, com eventos de motociclismo esportivo e atĂ© publicidade no currĂ­culo, como tambĂ©m Ă©, ao lado do seu tutor, o fotĂłgrafo Eduardo Muruci, campeĂŁ do Harley Challenge Brasil. A dupla do Leblon venceu o desafio da Harley-Davidson, realizado no ano passado e que contou com a participação de 3.300 pilotos de todo o paĂ­s. Molly tambĂ©m Ă© influencer da causa animal, com quase 90 mil seguidores no Instagram (@mollybikerdog), e o prĂȘmio do concurso, uma motocicleta 0Km da marca no valor de mais de R$ 80 mil, foi todo revertido para abrigos de vĂĄrios estados do Brasil.

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Para ajudar ainda mais, Muruci e Molly fizeram uma campanha que arrecadou R$ 11.580, somando R$ 93.030. Foram 12 instituiçÔes beneficiadas. A ideia, segundo Muruci, Ă© fazer com que animais encontrem um lar, como aconteceu com Molly. A cadela foi resgatada de maus-tratos com um mĂȘs de vida pela entĂŁo namorada de Muruci. Foi encontrada sem uma orelha, desnutrida, com verminose e coronavirose.

— Para muita gente, nĂŁo compensa tratar um animal sem raça definida, e seu destino seria a morte certa. Mas ela era forte e nĂŁo se entregava. Desde o dia em que a Molly recebeu alta da clĂ­nica apĂłs o resgate, Ă© uma cachorrinha muito animada, ativa, saudĂĄvel e feliz — conta Muruci.

O fotĂłgrafo ressalta que o que Molly faz de excepcional nĂŁo Ă© “pilotar” a moto; Ă© o gosto pela velocidade, o que lhe rendeu o apelido de Cachorrinha Voadora.

— Ela começou no motociclismo no colo da VerĂŽnica (a ex-namorada) e, depois de amargar um ano na garupa, passou a andar sentada na frente, no colo do papai. Um dia, por vontade prĂłpria, ela ficou de pĂ© e subiu no tanque da moto. Desde esse dia eu virei garupa de cachorro — diverte-se. — O gatilho Ă© a velocidade. Em velocidades muito baixas, a Molly fica sentada, impaciente, batendo na minha perna pedindo para acelerar, mas a partir de 50 km/h aproximadamente, ela sobe no tanque, e quanto maior a velocidade mais ela se projeta para a frente, indicando que Ă© para acelerar a moto. Ela “pilota” hĂĄ seis anos e tem dezenas de milhares de quilĂŽmetros de experiĂȘncia — afirma Muruci.

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Com viagens frequentes, Ă© difĂ­cil contabilizar esse nĂșmero. SĂł para o Harley Challenge Brasil, eles viajaram durante nove meses para oito destinos, entre eles ParanĂĄ e Minas Gerais. Em cada lugar era preciso tirar uma foto e postar; na final, a foto escolhida e mais votada pelo pĂșblico foi a vencedora.

— A Molly utiliza equipamentos de segurança, tem acompanhamento de veterinĂĄrios e atĂ© de pilotos profissionais. Ela nunca teve problema de saĂșde, e os veterinĂĄrios consideram o esporte saudĂĄvel para ela. Eu viajo sempre com a Molly e sempre de moto. Fazemos paradas frequentes para descanso e hidratação. Ela adora passar o dia na estrada e consegue fazer tranquilamente trajetos de atĂ© 600 quilĂŽmetros em um dia. SĂł viajamos de carro quando vamos ajudar em algum resgate ou transporte de um animal que precisa de adoção — detalha.

Em um desses resgates, a famĂ­lia aumentou. Ano passado, Muruci viajou para Guarulhos, em SĂŁo Paulo, e voltou com Jujuba, uma vira-lata que vivia com uma protetora que faleceu numa cirurgia cardĂ­aca.

— Ela deixou 41 cĂŁes ĂłrfĂŁos, a maioria idosos. NĂłs viajamos atĂ© lĂĄ e, como ficamos muito sensibilizados com o caso, decidimos adotar a Jujuba pelo fato de ela ser uma idosa de grande porte com problemas de saĂșde, o que diminui muito as chances de adoção — explica.

O amor de Muruci por bichos veio antes de Molly, quando ele ainda era criança, vendo o pai resgatar animais em um sítio da família. O fotógrafo, porém, ressalta que não é protetor, mas um defensor da causa da erradicação do abandono.

— HĂĄ alguns anos tive uma cachorrinha cega e idosa que resgatei das ruas e jamais deixei de ajudar um animal que cruzasse o meu caminho em situação de vulnerabilidade. Para ajudar um animal em situação de doença ou abandono nĂŁo precisa ser protetor, basta ter iniciativa. JĂĄ resgatei cĂŁes, passarinhos, cavalo-marinho, rato de esgoto, sagui e atĂ© um biguĂĄ. Qualquer animal que cruzar meu caminho e estiver em risco de morte eu levo para casa, porque faz bem para a gente ajudar e transformar sofrimento em alegria — diz Muruci.

Um dos abrigos beneficiados pelo valor do prĂȘmio do Harley Challenge Brasil Ă© o Projeto Miados e Latidos RJ (@projetomiadoselatidosrj), coordenado pela protetora Josinalda Nascimento. A ONG abriga 160 animais entre cĂŁes e gatos e realiza uma feirinha de adoção na Praça Antero de Quental, no Leblon, todos os sĂĄbados e em alguns domingos.

— NĂŁo foi sĂł parte do prĂȘmio. O Edu, a Molly e a Jujuba nos ajudam sempre. Ele doa para a ONG trabalhos de fotos e artes, ração, pede auxĂ­lio, faz o que for preciso. Recentemente ele fez a doação de um plano de saĂșde para o Peter Pan, um dos cĂŁes do abrigo que estavam precisando muito. Necessitamos de ajuda — conta Josinalda.

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