Monkeypox: cientistas descobrem forma fulminante da doença; entenda os riscos
Uma equipe internacional de pesquisadores de países como Estados Unidos, Espanha, México, Reino Unido e Brasil, por meio do Instituto Nacional de Infectologia Evandro Chagas, da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), publicou ontem um estudo na revista científica The Lancet em que descrevem uma forma grave com alta mortalidade da varíola dos macacos, também chamada de monkeypox ou Mpox, em pessoas que vivem com HIV em estágio avançado.
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“Nossa grande série de casos descreve uma forma grave e disseminada de infecção por mpox com 15% de mortalidade em indivíduos com doença avançada relacionada ao HIV caracterizada por contagens de células CD4 (células do sistema imunológico que são o principal alvo do HIV) abaixo de 200 células por mm3”, escreveram os responsáveis no estudo.
Os cientistas estudaram 382 pacientes que viviam com HIV e foram infectados pelo monkeypox em 19 países, dos quais 27 morreram devido à doença. Eles identificaram uma manifestação da varíola que denominaram “Mpox fulimante”, especialmente grave entre aqueles com a contagem mais baixa das células de defesa.
“Esta forma fulminante de mpox é caracterizada por lesões necrotizantes maciças da pele, cutâneas e mucosas genitais e não genitais, e às vezes é acompanhada por envolvimento pulmonar com opacidades nodulares multifocais ou insuficiência respiratória e infecções bacterianas secundárias graves cutâneas e sanguíneas”, complementam.
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Para se ter uma ideia, uma pessoa saudável deve ter uma contagem de CD4 acima de 500 células por milímetro cúbico de sangue, e aqueles que vivem com HIV, mas utilizam a terapia antirretroviral, geralmente têm uma contagem de CD4 maior que 200. Por isso, os especialistas sugerem que as pessoas com maior risco da Mpox fulminante provavelmente não estão recebendo o tratamento adequado.
Para os pesquisadores, essas conclusões devem levar as autoridades de saúde a buscarem vacinar as pessoas que vivem com o HIV de forma prioritária contra a Mpox. O primeiro autor do estudo, Oriol Mitja, do Hospital Universitário Germans Trias i Pujol, da Espanha, disse em comunicado que esse esforço deve ser direcionado “particularmente a países com baixos níveis de diagnóstico ou sem acesso universal gratuito ao tratamento antirretroviral".
Eles pediram ainda que essa forma grave da doença seja adicionada à lista de doenças características da síndrome da imunodeficiência adquirida (Aids). O documento inclui hoje cerca de 15 patologias consideradas especificamente perigosas para pacientes com a infecção avançada pelo HIV, que sem tratamento causa a Aids.
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Matthew Hodson, diretor executivo da instituição de caridade NAM Aidsmap, com sede no Reino Unido, disse que o estudo mostrou que, apesar da queda nos números de monkeypox em grande parte do mundo, a doença continua sendo uma "ameaça significativa" para pessoas que vivem com HIV avançado.
Desde que começou a se espalhar pelo mundo de forma inédita, em maio do ano passado, foram mais de 85,8 mil casos do vírus monkeypox detectados, incluindo 93 mortes, em 110 países, segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS). Destes, os pesquisadores do estudo da Lancet estimam que de 38% a 50% vivem com HIV.
O Brasil, de acordo com a última atualização do Ministério da Saúde, da semana passada, é o segundo país com mais diagnósticos e óbitos pela doença, atrás apenas dos Estados Unidos. Até agora, são 10.825 pessoas contaminadas, 2.445 suspeitas em análise e 15 mortes em sete estados diferentes.
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Mpox ainda é emergência mundial de saúde
Dois meses depois de começar a se disseminar, em julho do ano passado, a OMS decidiu que a monkeypox se tratava de uma emergência de saúde pública de interesse internacional (PHEIC, da sigla em inglês), mesmo status atribuído à Covid-19. No último dia 15, a organização reavaliou o cenário e, embora tenha reconhecido a melhora da situação sanitária, optou pela manutenção da emergência.
A decisão foi acompanhada do Comitê de Emergência do Regulamento Sanitário Internacional, que se reuniu no último dia 9 para deliberar sobre o assunto. Em nota, a organização afirma que o grupo reconheceu o progresso feito na resposta global à doença, mas considerou que o status deve ser mantido enquanto os esforços contra ela começam a ser integrados aos programas nacionais de vigilância e controle dos países.
* Com informações da AFP