A mudança na estratégia de dissuasão da NATO
Os conflitos mundiais e a guerra fria desenharam na NATO uma estratégia de dissuasão que está a alterar-se substancialmente. A evolução no seio dos países que a compõem segue agora ao passo da guerra na Ucrânia. A verdade é que onde antes a Aliança Atlântica mantinha unidades militares limitadas, do Báltico ao mar Negro, estão agora batalhões cada vez mais reforçados e armamento cada vez mais destrutivo.
Nas recentes eleições na Estónia, por exemplo, a ameaça russa e o fornecimento de armas a Kiev tornaram-se no tema central da campanha. A exposição dos países bálticos à Rússia é mitigada precisamente pela pertença à NATO e ao histórico princípio de que basta um soldado atacado em território da Aliança, para que todos os membros respondam em conjunto e em força.
2014: A Crimeia e o aviso a Moscovo
Após a tomada da Crimeia por Moscovo, em 2014, na cimeira de Newport, no Reino Unido, determinou-se a mobilização de armas e equipamento logístico para a frente leste, sobretudo para os países bálticos. Simultaneamente, foi criada uma força de reação rápida, capaz de mobilizar sete mil soldados no espaço de uma semana.
2016: Mais um passo em Varsóvia
Dois anos mais tarde, na sequência da cimeira de Varsóvia, acelerou-se a criação de batalhões multinacionais nos países-barreira: Estónia, Letónia, Lituânia, Polónia, Roménia, Eslováquia, Hungria e Bulgária. A mobilização de aviões e navios de guerra terá provocado fortes abalos no Kremlin.
Mas não impediu que, em 2022, os tanques russos avançassem sobre a Ucrânia.
Nova cimeira da NATO, desta vez em Madrid. Aqui, decide-se aumentar a prontidão das forças e a dimensão dos contingentes: 300 mil militares mobilizados.
A Rússia passa a ser expressamente considerada a "ameaça mais direta e significativa à segurança dos aliados", evocando-se "a possibilidade de um ataque à soberania ou integridade territorial". Nesta retórica, a China surge apresentada como um "desafio" em termos de segurança.