Mudança de profissão: a engenheira que se descobriu fotógrafa na pandemia
Foto de café da manhã, crédito - Isabela Apolinário-3.jpg
Divulgação/Isabela ApolinárioRIO — Não são incomuns as histórias de pessoas que traçaram uma nova trajetória profissional nesta quarentena, e a trajetória de Isabela Apolinário está aqui para provar. Moradora de Botafogo, ela começou 2020 focada em concluir o doutorado em Engenharia Elétrica, mas vai terminar o ano trabalhando a todo vapor como fotógrafa de alimentos, carreira que decidiu seguir.
— Essa imersão na fotografia começou na quarentena. Sempre gostei de cozinhar e compartilhar o que faço com as pessoas. Como não podia dividir os pratos, comecei a fotografá-los, o que gerou uma outra forma de compartilhamento por meio do meu Instagram. O objetivo era melhorar as fotos para mostrar minhas receitas. Este confinamento e a aproximação intensa com a fotografia me fizeram ter a certeza de que este é o meu caminho: ser fotógrafa de alimentos. Iniciei uma transição de carreira no ano mais improvável, mas o meu desejo é ser feliz na minha nova profissão — afirma Isabela, de 30 anos, que tem a intenção de concluir o doutorado.
Ela é tão apaixonada por fotos de comida, que, quando tem uma ideia de composição, é capaz de montar a cena da foto numa mesa ao lado da sua cama, com os utensílios, sem a comida, para não esquecer uma ideia. Às vezes, tudo fica dias por lá, até finalmente ganhar a companhia dos ingredientes. Em pouco tempo, a conta de Isabela no Instagram (@isapolin) pulou de 500 para quase dois mil seguidores. Com a visibilidade, as propostas surgiram. Isabela fechou mês passado com a padaria Casa Viseu (que é de um engenheiro que também largou a profissão pela gastronomia) e com a linha de sorvetes veganos Hoba.
— Minha intenção é me sustentar com a fotografia, morando sozinha e fazendo da minha casa o meu estúdio — diz a fotógrafa, que hoje vive com os pais.
Vitória em concurso foi o impulso para mudar trajetória
Com o doutorado remoto, Isabela conseguiu tempo para mergulhar fundo no universo da fotografia. O impulso a mais foi a vitória em um concurso promovido pelo fotógrafo Betto Auge, de São Paulo, que registrou mais de 1.200 fotos inscritas em menos de sete dias. O primeiro lugar deu direito a um curso virtual, o Food Styling (@metodofoodstyling).
—Foram aulas gravadas e ao vivo. O Beto tem mais de cem mil seguidores e dá todo o tipo de dicas para quem quer fotografar comida —diz Isabela.
Ela cita outras referências e diz que não para de estudar.
— Maratonei os vídeos da Joanie Simon no YouTube, comprei o livro da Bea Lubas e também gosto da Camila Seraceni — lista.
Ao longo dos últimos dois anos, a fotógrafa foi montando seu acervo de utensílios, que já tem mais de 200 peças, entre ramequins, talheres, guardanapos de pano, xícaras, tábuas e copos.
— Um fotógrafo de alimentos precisa estar preparado para montar um boa cena com o clima que o cliente imagina —diz.
Quem disse que ela baixa a guarda quando está em um restaurante a lazer? Recentemente, escolheu um lugar bem ao lado de um janelão para registrar toda a beleza e as nuances de um pudim de doce de leite.
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