Na madrugada mais fria, idoso morre em abrigo da prefeitura de SP
Idoso morre no núcleo de convivência São Martinho
Prefeitura lança iniciativas para abrigar pessoas em situação de rua do frio
Madrugada foi a mais fria do ano
Um homem morreu no núcleo de convivência São Martinho, abrigo administrado pelo Centro Social da Nossa Senhora do Bom Parto e conveniado com a Prefeitura de São Paulo. De acordo com informações iniciais, ele teria sido vítima de uma convulsão no momento em que aguardava para tomar café.
O abrigo está isolado. O local não abriga pessoas, mas oferece alimentação todos os dias.
Na madrugada desta quarta-feira (18), a cidade registrou as menores temperaturas do ano: a estação do Mirante de Santana, do Inmet (Instituto Nacional de Meteorologia), marcou 7ºC às 6h.
O frio intenso na capital paulista afetou até o funcionamento do Metrô. a administração informou que as baixas temperaturas na zona Leste afetaram o sistema pneumático de portas e freios de alguns trens da Linha 3-Vermelha, que precisaram ficar retidos no pátio. A linha opera com velocidade reduzida.
Operação Baixas Temperaturas
A Prefeitura de São Paulo elaborou um plano para tentar abrigar quem vive em situação de rua, tendo em vista as previsões de frio intenso na cidade. Cerca de duas mil vagas foram abertas em centros esportivos, albergues e hotéis. O número de vagas, no entanto, não é nem perto de ser suficiente: são quase 32 mil pessoas que vivem em situação de rua na capital.
Outra promessa da prefeitura é a montagem de dez tendas em locais com grande concentração de pessoas em situação de rua, para entregar sopa e agasalhos, além de deixar profissionais de saúde de prontidão.
O Metrô e a Defesa Civil estadual também irão acolher pessoas. Será aberto um centro de acolhimento provisório na estação Dom Pedro II, no Centro da capital, nas noites mais frias do ano. A iniciativa, chamada “Noites Solidárias”, foi anunciada nesta terça-feira (17). A estação poderá receber até cem pessoas por noite.
Aumento da população de rua nos últimos anos
Entre 2009 e 2021, o número de pessoas em situação de rua aumentou 31% - foi de 24.344 para 31.884, segundo o Censo da População em Situação de Rua, encomendado pela Prefeitura de São Paulo e divulgado em janeiro. Junto, cresceu o número de moradias improvisadas: saltou 230%.
Com a pandemia de covid-19, mudou também o perfil das pessoas nas ruas da capital paulista. Antes, a maioria eram homens solteiros. Hoje, aumentou o número de famílias vivendo juntas na rua, grande parte despejadas de suas casas em meio à crise econômica. Segundo dados do censo, em 2019 eram 4.868 pessoas. Em 2021, chegou a 8.927 pessoas, quase o dobro.
De acordo com Nabil Bonduki, professor da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP, mudou também a razão pela qual as pessoas acabam em situação de rua. Conforme ele explica para a reportagem do jornal O Globo, muitas pessoas saíam de suas casa por conta de conflitos familiares, abandono e uso excessivo de álcool e drogas. Agora, as pessoas são obrigadas a ficarem nas ruas após perderem emprego e renda. Ou seja, a moradia passou a ser a principal questão para o aumento da população de rua.