Nise Yamaguchi foi contra decreto pró-cloroquina por “expor muito” Bolsonaro
Nise Yamaguchi se posicionou contra decreto para ampliar uso da cloroquina porque isso poderia expor o presidente Jair Bolsonaro
Declaração está em uma troca de mensagens com o tenente da Marinha Luciano Dias
Documento com a conversa foi entregue pela médica à CPI da Covid
Em uma conversa com o médico Luciano Dias, anestesista que é tenente da Marinha, a médica Nise Yamaguchi de colocou contra um decreto para ampliar o uso da cloroquina pela população no tratamento da covid-19. Dias teria sido o responsável por escrever a nova bula da cloroquina.
A médica argumentou que um documento como esse “exporia muito o presidente” Jair Bolsonaro (sem partido).
A conversa entre os dois está em um documento entregue por Nise Yamaguchi à CPI da Covid. O conteúdo da troca de mensagens foi divulgado pelo portal G1. Luciano Dias teria mandado a proposta de decreto para Nise, que respondeu se posicionando contra.
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“Oi Luciano este decreto não pode ser feito assim, porque não é assim que regulamenta a pesquisa clínica. Tem normas próprias. Exporia muito o Presidente”, escreveu.
Ao blog do jornalista Octavio Guedes, do G1, o vice-presidente da CPI, Randolfe Rodrigues (Rede-AP), avaliou que a médica “estava mais preocupada com a imagem do presidente do que com a ciência”.
Nise negou ter tentado mudar bula da cloroquina
A médica Nise Yamaguchi negou que tenha trabalhado para mudar a bula da cloroquina. A declaração vai no sentido contrário do que havia dito o presidente da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), Antonio Barra Torres, quando esteve na CPI da Covid. O fato também foi comentado pelo ex-ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta.
"De forma alguma, não. Eu devo dizer para o senhor o seguinte: eu não fiz nenhuma minuta, inclusive, não conhecia esse papel", declarou. Nise confirmou que a reunião com Barra Torres e Mandetta aconteceu e disse que, ao final do encontro, foi chamada para falar sobre a mudança da bula da cloroquina.
"Inclusive, depois da reunião, eu descobri que eles estava falando de uma minuta. E essa minuta não falava de bula, falava da possibilidade de haver uma disponibilização de medicamentos", disse a médica. Em seguida, ela pediu para ler os três pontos na minuta.
Segundo Nise Yamaguchi, ela apoiou a ideia de que a cloroquina pudesse ser usada após consentimento entre médico e paciente. "Eu não minutei nenhuma minuta de bula, nem discuti isso", afirmou. "Não existiu a ideia de mudança de bula por minuta, nem por decreto."
"Ele (Barra Torres) deveria pelo menos apresentar a minuta, porque nesse momento não houve minuta de mudança de bula. Estou explicando ao senhor que depois eu tive acesso ao que era, e era simplesmente a declaração de que a gente conseguiria simplesmente de uso de medicamente", alegou.