Novo PSL? Valdemar e bolsonaristas andam em choque no PL e até governador pode sair
Mal o ano começou e, a exemplo do que aconteceu com o PSL após as eleições de 2018, o PL já enfrenta uma série de infiltrações e rachaduras em sua bancada de deputados e senadores formada por antigos inquilinos e bolsonaristas recém-filiados ao partido.
Valdemar Costa Neto, o dono da legenda, tinha destinatário quando avisou Jair Bolsonaro que ele precisava voltar logo ao Brasil para dar um jeito em seus extremistas.
Nas últimas semanas, o desconforto ficou evidente com a movimentação de parlamentares ligados ao ex-presidente para lançar uma candidatura avulsa ao comando da Câmara. O candidato seria o autoproclamado príncipe herdeiro Luiz Philippe Orleans e Bragança, mas o projeto ficou no caminho.
Valdemar prometeu expulsar quem levasse a ideia adiante. O postulante oficial da sigla era Arthur Lira (PP-AL), que uniu governistas e oposição e obteve votação recorde.
No rescaldo da articulação, há no PL quem veja os dedos do deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) nos bastidores da articulação, enquanto em público ele promete orientar os seguidores do pai a marcharem unidos com as orientações partidárias.
Segundo a colunista do jornal O Globo Malu Gaspar, há uma ala do PL disposta a aderir ao governo a qualquer momento. Essa ala representaria cerca de um quarto dos mais de 100 parlamentares eleitos pela sigla.
A adesão, se acontecer, só não será explícita para que a guerra fria não se transforme em hecatombe.
Há quem aposte que essa briga mal começou.
Em 2019, primeiro ano do governo Bolsonaro, os seguidores mais radicais do então presidente entraram em rota de colisão com o presidente do PSL, Luciano Bivar, e seus aliados.
O ponto de discórdia era a distribuição de postos-chave nos comandos da sigla e também do Congresso.
Mas o pano de fundo era o controle dos fundos partidário e eleitoral.
As tensões na nova legenda da turma podem levar a desfecho parecido.
A aliança com o bolsonarismo levou o PL a eleger a maior bancada da Câmara e governadores em estados-chave, como o Rio.
Lá, porém, uma disputa pelo diretório estadual envolvendo Cláudio Castro e o deputado federal Altineu Côrtes, homem de confiança de Valdemar, pode causar um rompimento formal e levar o governador para o colo de Lula.
Apesar de inúmeras suspeitas envolvendo sua gestão, ele foi reeleito com margem folgada de votos e tem o passe disputado por diversos partidos, como PSD, MDB e União Brasil, partidos que possuem representação no governo Lula.
O destino mais provável é o União Brasil, partido da ministra do Turismo Daniela Carneiro, companheira de Waguinho, prefeito de Belford e presidente da sigla no Rio.
O União Brasil, como se sabe, é resultado da fusão entre o antigo PSL e o DEM.
A tensão no Rio ocorre em meio ao acirramento da disputa entre traficantes e milícia na zona oeste do Rio, em conflitos que podem alterar o (des) equilíbrio de forças entre grupos criminosos a partir da capital.
Castro, portanto, tem mais com que se preocupar. Ou deveria.
A Light, empresa responsável pelo fornecimento de energia elétrica no estado, já anunciou que não tem caixa para operar até 2026.
A razão é o alto índice de ligações irregulares de energia, os chamados “gatos”, no estado –um dos principais negócios da milícia.
Quem vai mexer nesse enrosco?