Novos protestos são convocados na Geórgia apesar da retirada de projeto de lei contra ONGs e mídia
O partido governista na Geórgia anunciou, nesta quinta-feira (9), a retirada de um controverso projeto de lei contra ONGs e a mídia, que provocou protestos em massa nos últimos dois dias, duramente reprimidos pelas autoridades. Apesar da medida, os partidos de oposição da Geórgia anunciaram que continuarão a se manifestar contra o governo.
Com informações do correspondente em Tbilisi, Régis Genté
"Como partido do governo responsável por todos os membros da sociedade, decidimos retirar incondicionalmente este projeto de lei que apoiamos", afirmou o partido Georgian Dream, em um comunicado publicado em sua página na internet.
O anúncio ocorre um dia depois de protestos maciços na capital Tbilisi, em que a polícia usou bombas de gás lacrimogêneo e canhões de água para dispersar dezenas de milhares de pessoas reunidas perto do Parlamento.
O movimento de protesto foi desencadeado pela aprovação, na terça-feira (7), em primeira leitura, de um projeto de lei que obriga as ONGs e a mídia que recebem mais de 20% de seus financiamentos do exterior a se registrarem como "agentes estrangeiros", sob pena de serem multadas.
Para os críticos do projeto, este texto é inspirado em uma lei semelhante que já existe na Rússia, onde o Kremlin reprime a imprensa independente, organizações de direitos humanos e seus opositores.
No seu comunicado de imprensa, o partido Georgian Dream considera que o projeto de lei foi “deturpado de forma negativa”, acrescentando que lançaria consultas públicas para “melhor explicar” o objetivo do texto. O partido no poder não está, portanto, fechando completamente a porta para um futuro retorno deste projeto de lei ao Parlamento.
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