O ex-lobista do Uber que cria constrangimento para Macron
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- Emmanuel MacronPolĂtico, funcionĂĄrio pĂșblico e banqueiro francĂȘs, 25.Âș Presidente da França
A repercussĂŁo do Uber Files, a investigação jornalĂstica que revelou uma proximidade constrangedora entre Emmanuel Macron, quando ele foi ministro da Economia, de 2014 a 2016, e os dirigentes da empresa americana de serviços, Ă© tema de capa dos jornais franceses nesta terça-feira (12).
A figura central das reportagens Ă© Mark MacGann, ex-lobista do Uber encarregado de "vender" a governos da Europa, da Ăfrica e do Oriente MĂ©dio as supostas vantagens que o novo conceito de serviço de motoristas representava.
O irlandĂȘs de 52 anos revelou, em entrevista ao britĂąnico The Guardian, na segunda-feira (11), que vazou os documentos confidenciais da empresa quando se deu conta que "o Uber desrespeitou a lei em dezenas de paĂses e enganou as pessoas sobre os benefĂcios do modelo da empresa".
MacGann admite ter alguma responsabilidade pelos fatos que estĂĄ denunciando hoje, reporta o jornal 20 Minutos: "Eu falava com os governos, promovia (o modelo Uber) na mĂdia, dizia Ă s pessoas que elas deveriam mudar as regras, porque os motoristas iriam se beneficiar e as pessoas iriam ter muitas oportunidades econĂŽmicas". "NĂłs vendemos uma mentira", afirmou MacGann ao The Guardian.
AusĂȘncia de indĂcios de corrupção
O Le Monde, um dos veĂculos que participou da investigação realizada pelo consĂłrcio internacional de jornalistas, diz que os documentos do Uber Files "nĂŁo sugerem a existĂȘncia de quaisquer irregularidades no financiamento ou na organização da primeira campanha de Emmanuel Macron Ă presidĂȘncia, em 2017". "Entre o Uber e A RepĂșblica em Marcha [movimento polĂtico fundado por Macron], a porosidade Ă© acima de tudo ideolĂłgica", afirma a publicação.
"Como Emmanuel Macron disse em muitas ocasiĂ”es, seu projeto polĂtico Ă© muito compatĂvel com o modelo proposto pela empresa, combinando desregulamentação dos setores protegidos, liberalização da força de trabalho e maior flexibilidade", assinala o Le Monde.
O diĂĄrio Le Parisien destaca que os polĂticos franceses estĂŁo divididos, desde a revelação do conteĂșdo das conversas entre Macron e representantes do Uber. Os partidos de esquerda aliados na Nupes, sigla da Nova UniĂŁo Popular EcolĂłgica e Social, defendem a abertura de uma ComissĂŁo Parlamentar de InquĂ©rito para esclarecer melhor o caso.
Os deputados de extrema direita denunciam que "Macron, enquanto ministro da Economia, nĂŁo defendia os interesses da França, mas de grupos estrangeiros", reconhecendo, porĂ©m, que nĂŁo hĂĄ nenhum indĂcio de corrupção.
A direita republicana considera "normal que o ministro da Economia mantenha relacionamento com empresas", sublinha o Le Parisien. O que incomoda, de acordo com deputados do partido conservador LR, "Ă© a intensidade dos contatos de Macron com representantes do Uber".
Apesar das revelaçÔes, classificadas como "uma traição" pela União Nacional de Taxistas franceses, o Le Parisien considera improvåvel a abertura de uma CPI sobre o caso.