Benedito Ruy Barbosa é um dos grandes autores da teledramaturgia brasileira. Com sucessos no currículo como Pantanal, Sinhá Moça, Terra Nostra e Velho Chico, que assina ao lado de Bruno Luperi, seu neto, o escritor faz parte da história da TV de maneira singular.

Após o remake da trama exibida em 1990 na TV Manchete, a Globo decidiu trazer outro sucesso do autor para o ar, no Vale a Pena Ver de Novo. O Rei do Gado, considerado um dos melhores folhetins de todos os tempos acompanha a história do latifundiário pecuarista Bruno Mezenga (Antonio Fagundes) e da boia-fria (Patrícia Pillar).

Em 1943, Giovanna (Letícia Spiller), filha de Marieta (Eva Wilma) e Giuseppe Berdinazi (Tarcísio Meira), se apaixona por Henrico (Leonardo Brício), filho de Nena (Vera Fischer) e Antônio Mezenga (Antonio Fagundes - 1ª fase), inimigos de sua família.

Os dois são descendentes de duas famílias de imigrantes italianos que são rivais, que fizeram sua fortuna no Brasil com a criação de café. As famílias brigavam pelo poder das terras, criando uma rixa que durou durante longos anos. Os patriarcas das famílias esperam que seus filhos nutram o ódio pela família rival, o que atrapalha o romance de Giovanna e Henrico, que decidem fugir.

Em 1996, o filho de Henrico e Giovanna, Bruno Berdinazi Mezenga, fica conhecido por todos como o "Rei do Gado", já que se tornou um rico proprietário de terras e de milhares de cabeças de gado.

Adiamentos e conflitos na exibição original

Apesar de ser considerada uma trama extremamente importante para a história da TV, a novela teve alguns problemas antes, durante e depois de sua exibição. O retorno de Benedito à emissora do "plim-plim" foi um tanto conturbado. Por desfalques no elenco e pelas dificuldades em gravar em cenários rurais, a novela Renascer foi ao ar apenas em 1993, cerca de um ano após o planejamento inicial.

O mesmo ocorreu com O Rei do Gado, três anos depois. Devido aos atrasos nas gravações, que imprimiam uma ideia de superprodução e também pelos obstáculos das ambientações onde aconteciam as filmagens, a Globo precisou exibir uma produção extraordinária, com apenas 35 capítulos.

Conduzida por Dias Gomes, O Fim do Mundo preencheu o espaço que seria originalmente da trama de Benedito. O período foi o suficiente para que a trama de Bruno Mezenga e Luana entrasse nos trilhos e se tornasse o sucesso que foi. Por pouco O Rei do Gado não foi cancelada e o autor precisou bater o pé para manter o folhetim na grade da emissora - briga comprada de forma assertiva, caso contrário nunca teríamos essa história poderosa na história da TV brasileira.

Além desse problema inicial, com a popularização de temas como a reforma agrária e também dos debates sobre o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) promovidos pela novela, Benedito também sofreu ameaças de fazendeiros e políticos que não gostaram da narrativa.

Em entrevista ao jornal Folha de S. Paulo, em 1997, o autor confessou que esse foi o projeto mais tenso de sua carreira. "Primeiro, adoeci, tive problemas de coluna, e atrasei os capítulos. E, por estar mexendo com os sem-terra, sempre andei na corda bamba, tentando conduzir a trama sem criar atritos."

O Rei do Gado segue em exibição no Vale a Pena Ver de Novo, de segunda à sexta, às 17h15.

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