Operação militar israelense deixa ao menos 4 mortos na Cisjordânia
O Exército israelense matou ao menos quatro palestinos, incluindo um adolescente, nesta quinta-feira (16), durante uma operação em Jenin, no norte da Cisjordânia ocupada, onde afirmou ter "neutralizado" dois suspeitos procurados por "atividades terroristas".
Durante a incursão em uma área palestina autônoma, conforme os acordos de paz de Oslo de 1993, quatro palestinos morreram, explicou o Ministério da Saúde palestino, que os identificou como Omar Awadin, de 16 anos; Nidal Jazim, de 28; Yusef Shrim, de 29; e Luay Sghir, de 37 anos.
O braço armado do Hamas, o movimento islâmico que governa a Faixa de Gaza, indicou que Yusef Shrim era um de seus chefes em Jenin.
Nidal Jazim era membro das Brigadas al Qods, o ramo armado da Jihad Islâmica, de acordo com essa organização palestina radical.
Além disso, 23 pessoas feridas foram hospitalizadas, cinco delas em estado grave, segundo o Ministério.
Mahmud al Saadi, da Cruz Vermelha Palestina em Jenin, declarou à AFP que uma unidade de soldados vestidos como civis invadiu o centro da cidade de Jenin.
Por sua vez, um porta-voz do Exército de Israel confirmou à AFP que o objetivo da ação era capturar Shrim e Jazim, e afirmou que as forças israelenses abriram fogo em resposta aos tiros dos palestinos.
Um comunicado conjunto do Exército, da Segurança Interna e dos guardas de fronteira israelenses diz que as forças israelenses "neutralizaram" esses dois homens.
"Outro suspeito foi neutralizado depois de tentar atacar as forças" com uma ferramenta de metal, acrescenta o texto, que detalha que nenhum soldado ficou ferido.
O conflito israelo-palestino parece ter entrado em uma nova espiral violenta, sobretudo desde que no fim de dezembro ascendeu ao poder um dos governos mais direitistas da história de Israel, liderado pelo primeiro-ministro Benjamin Netanyahu.
- "Ciclo de violência" -
Stéphane Dujarric, porta-voz do secretário-geral da ONU, António Guterres, se referiu ao incidente em Jenin como outro "exemplo de um ciclo de violência preocupante" e "mais uma razão para que a comunidade internacional redobre seus esforços" para encerrá-lo.
É no norte da Cisjordânia, bastião de grupos armados, onde o Exército israelense intensificou suas operações nos últimos meses, que se concentra o grosso da violência.
Foram registrados ataques armados contra israelenses em Jerusalém Oriental - anexada e ocupada por Israel -, em colônias da Cisjordânia e em Tel Aviv.
Ontem, o Exército israelense anunciou que, dois dias antes, matou um "terrorista" que usava um cinto de explosivos e que teria entrado no país pelo Líbano. As Forças Armadas mencionaram a suspeita do envolvimento do movimento xiita libanês Hezbollah.
Na tarde desta quinta, vários homens armados participaram do funeral dos quatro mortos em Jenin, observou um jornalista da AFP.
O Hamas prometeu nesta quinta que o "crime" cometido em Jenin "não ficará sem resposta". E a Jihad Islâmica garantiu que Israel "pagará o preço por esses crimes".
"Essas agressões israelenses persistentes confirmam que Israel não tem intenção de apaziguar a situação", disse o porta-voz da presidência palestina, Nabil Abu Rudeina.
Até agora neste ano, o conflito israelo-palestino custou a vida de 85 palestinos (incluindo membros de grupos armados e civis, alguns deles menores de idade), e 12 civis (três deles menores) e um policial israelense, além de uma ucraniana, segundo contagem da AFP com base em fontes oficiais israelenses e palestinas.
he/cgo/mj/ila/jvb/mb/ic/am