Padre foi extorquido por golpistas antes de se matar em MG, diz polícia; sacerdote pediu R$ 9 mil a amigos

A Polícia Civil de Minas Gerais já sabe que o padre Douglas Ferreira Leite, de 35 anos, se matou após ter sofrido uma tentativa de extorsão de "golpistas profissionais". Por enquanto, nenhum suspeito foi identificado, mas as investigações continuam. O corpo do sacerdote foi encontrado nesta quinta-feira, na cidade de Miradouro, com sinais de enforcamento, dois dias após seu desaparecimento ter sido registrado na delegacia. Poucas horas antes de morrer, ele havia pedido dinheiro emprestado a dois amigos, nos valores de R$ 5 e R$ 4 mil, sem dar maiores explicações, e apresentava comportamento estranho.

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— Ele pegou dinheiro com duas pessoas, que já identificamos, em valores aproximados de R$ 5 e R$ 4 mil e estava sendo extorquido. Temos essa confirmação, mas ainda não podemos revelar muitos detalhes — revelou ao GLOBO o delegado Glaydson Ferreira, à frente do caso. — Seriam golpistas profissionais, o que dificulta a identificação.

O corpo do padre Douglas foi liberado ainda nesta quinta-feira pelo Instituto Médico Legal e o velório começou à meia-noite na Paróquia de Santa Bárbara, em Fervedouro (MG), sob forte emoção de fiéis. Uma missa foi realizada no início da manhã, às 7h, e às 15h ele será sepultado em Conceição de Ipanema, sua cidade natal, para onde está sendo levado em cortejo. Antes, às 13h, a Diocese de Caratinga realiza missa de exéquias.

Em nota publicada nesta quinta-feira, a Polícia Civil afirmou que o corpo do padre, cujo desaparecimento foi registrado dois dias antes, em Fervedouro, foi localizado em Miradouro. Em vídeo, o delegado Glaydson narrou o que se sabe até agora. Segundo ele, nenhuma linha de investigação é descartada por enquanto.

— Na quarta-feira, por volta de 19h30, nós fomos informados do desaparecimento do padre Douglas e imediatamente comparecemos ao local. Iniciamos as investigações, onde verificamos que o padre, na terça-feira, por volta de 10h30, saiu da cidade de Fervedouro, juntamente com seu amigo, também padre, em direção a São Francisco do Glória. A princípio, teriam almoçado no local e ele, por volta de 11h45, teria retornado de carro, sentido a Fervedouro, não sendo mais visto — conta o delegado. — Iniciamos investigações com a finalidade de localizar o corpo e, durante diligências, verificamos que estava justamente em um lugar próximo de onde o veículo que o padre utilizava foi abandonado, na cidade de Miradouro, próximo a um restaurante.

O investigador confirma que uma das possibilidades é de que o padre tenha sido vítima de extorsão antes de seu assassinato.

— O que poderia ter gerado a motivação nós ainda estamos investigando, mas tomamos conhecimento de que o padre, dias antes de seu sumiço, teria pegado quantias em dinheiro emprestadas, o que poderia levar a crer que ele estaria sendo extorquido ou outro delito — concluiu.

Dinheiro emprestado

A reportagem conversou com o padre Agrimaldo José Teixeira, da Paróquia São Francisco de Assis. Ele disse que, da última vez em que o padre Douglas foi visto, ele havia pedido dinheiro emprestado a um outro padre amigo, e estaria preocupado em pagar uma terceira pessoa que estaria cobrando esta quantia dele.

— O padre Fernando esteve com ele na terça-feira pela manhã e almoçou com ele. Foi depois desse almoço que ele sumiu. Ele comentou comigo que notou que ele estava um pouco estranho, preocupado, e disse que depois explicaria tudo — conta o padre Agrimaldo. — Como eles eram muito amigos, eram da mesma cidade (Conceição de Ipanema-MG), foram ordenados na mesma paróquia, o padre Douglas tinha proximidade e amizade com ele, e pediu dinheiro emprestado. Mas não explicou para que seria esse dinheiro. Parece que alguém estava cobrando ele por algum motivo.