Para fugir do Talibã, afegãs se submetem a exílio sob conservadorismo e violência no Paquistão

© AP/Rahmat Gul

Desde que o Talibã retomou o poder no Afeganistão em agosto de 2021, milhares de afegãs passaram pela fronteira para o território paquistanês. O país vizinho não oferece a liberdade desejada por essas mulheres, mas muitas veem o exílio no Paquistão como um passo difícil mas necessário para fugir da repressão.

Com informações de Sonia Ghezali, correspondente da RFI em Islamabad.

Com o celular na mão, Muzghan Faraji mostra as numerosas trocas diárias de mensagens com amigas feministas que ficaram no Afeganistão. Refugiada no Paquistão, esta jornalista continua ativa na luta pelo direito feminino e se juntou à Associação Afegã de Defensores dos Direitos Humanos no exílio.

"Estou em contato com ativistas de direitos humanos de diferentes países para ajudar as mulheres afegãs que estão presas no Paquistão, assim como as mulheres afegãs que perderam seus direitos, como o direito à educação", diz Muzghan Faraji.

A ONU (Organização das Nações Unidas) declarou o Afeganistão como "o país mais repressivo do mundo" em relação às mulheres. Desde que o Talibã retomou o poder, as mulheres não têm direito à educação, foram demitidas de muitos empregos públicos, não podem viajar sem a autorização de um homem e devem se cobrir completamente para sair na rua.

"Confinar metade da população do país em suas casas em meio a uma das crises humanitárias e econômicas mais graves do mundo é um ato colossal de autoflagelação nacional", disse nesta quarta-feira (8) Rosa Otunbayeva, chefe da Missão de Assistência da ONU no Afeganistão (Manua).

(Com AFP)


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