Parlamentares pedem que ministro da Educação seja investigado por homofobia: 'Famílias desajustadas'
Parlamentares de diversas siglas políticas reagiram a entrevista do ministro da Educação, Milton Ribeiro, em que ele atribui a homossexualidade de jovens a "famílias desajustadas", e pediram que o ministro seja investigado por homofobia. As declarações foram publicadas, nesta quinta-feira (24), pelo jornal O Estado de S. Paulo.
Entre as reações, os parlamentares chamaram o comandante do MEC de “medieval e sórdido”, “mentalidade atrasada” e o acusaram de usar argumentos “sem evidência” para esconder falhas em execuções de políticas públicas.
“Meu repúdio absoluto a esse ataque preconceituoso, medieval e sórdido, que exige reação imediata das instituições democráticas!", escreveu o senador Fabiano Contarato (Rede-ES), em sua rede social, dizendo que irá ao Supremo Tribunal Federal (STF) para que o ministro seja investigado.
Já o deputado federal David Miranda (PSOL-RJ), afirmou que, pelo mesmo motivo, irá acionar o Ministério Público (MP). "Homossexualidade não é castigo nem crime. É uma forma de amar e se relacionar como qualquer outra! É requisito nesse governo de “desajustados” ser um criminoso homofóbico!", publicou Miranda em seu Twitter.
O ministro afirmou, na entrevista ao jornal, que deve revisitar o currículo do ensino básico e promover mudanças em relação à educação sexual. Isso porque, segundo ele, a disciplina é usada muitas vezes para incentivar discussões de gênero.
“E não é normal. A opção que você tem como adulto de ser um homossexual, eu respeito, mas não concordo”, afirmou ele.
Ao falar sobre professores transgênero, Ribeiro declarou que tem “certas reservas” e que o profissional não deve fazer “propaganda aberta com relação a isso” nem “incentivar meninos e menina a andarem por esse caminho”.
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O presidente da Comissão de Educação da Câmara em 2019, o deputado Pedro Cunha Lima (PSDB-PB) avaliou as declarações do ministro como um "preconceito inconcebível" e que chamou atenção para a atuação do MEC, sobretudo para encontrar soluções sobre a pandemia do coronavírus.
"Mentalidade atrasada e triste de se ver em uma posição tão relevante. [...] Um problema do Brasil na educação, necessariamente, é um problema do MEC também”, disse.
Além disso, Ribeiro negou que a pasta seja responsável por prover internet aos alunos que não conseguem ter aulas online por falta de acessibilidade. O ministro ainda disse que o MEC não terá envolvimento na reabertura das escolas no país.
Priscila Cruz, presidente-executiva do Todos Pela Educação, concluiu que Ribeiro erra "no campo jurídico e ético" ao retirar do MEC responsabilidades sobre organizar o retorno das aulas presenciais.
"Não dá para dizer que não é problema dele. A coordenação nacional é ainda mais importante num ano pandêmico. Mesmo que não estivesse tão claro na legislação, onde está a preocupação que a gente espera das lideranças públicas?", afirmou.