Pensionistas com paridade lamentam falta de reajuste salarial no contracheque estadual
Mesmo depois da promessa de pagamento do reajuste salarial a pensionistas na folha de fevereiro, paga nesta sexta-feira (dia 3), beneficiários que recebem com paridade — ou seja, que começaram a ganhar o benefício antes da reforma da previdência de 2003, exclusiva para o serviço público — revivem o drama da falta de aumento dos benefícios. Os contracheques deste mês saíram sem contar o percentual de correção, de 5,9%.
Para Denise Salustiano, de 47 anos, é difícil segurar as lágrimas. A saída encontrada foi vender rifas de R$ 5,50 para tentar pagar a conta de água. Em 2001, ela perdeu o marido, um terceiro sargento do 12º Batalhão de Polícia Militar (Niterói), e passou a depender da pensão para cuidar de uma filha, à época com 2 anos, e de gêmeos que ainda carregava no útero.
Ao perceber que o reajuste de 5,9% não constava no contracheque, entrou em desespero. Desde dezembro, diz estar recebendo uma série de descontos previdenciários indevidos no contracheque, que reduziram o valor do benefício em quase R$ 4 mil.
— Meu remédio de hipertensão acabou hoje (ontem), faço tratamento para uma contaminação na córnea e preciso tomar remédio controlado, não sei como vou pagar. Vão cortar minha luz porque, ou eu pago a conta, ou compro comida. E como eu vou pagar o aluguel de R$ 1,9 mil se o meu contracheque é de R$ 1,9 mil? — lamenta Denise, comovida.
Uma dor parecida é sentida pela manicure Renata Cristian, de 43 anos, que há 25 anos recebe a pensão do pai pelo Rioprevidência. Ao reclamar com o órgão, conta, funcionários explicaram que ainda estão colocando os dados dos pensionistas no sistema de emissão dos contracheques, "pasta por pasta", e por isso deve demorar um pouco para que o valor seja pago a todos.
— Quando a gente vai ter aumento, a margem consignável (do benefício) aumenta antes do pagamento. Como não aumentou a margem, a gente tem certeza que não caiu (o reajuste) — conta. — Eu tenho três filhos, pago aluguel, pago meu tratamento para erisipela. Agora, fico preocupada porque, se não tiver aumento, com as coisas caras como estão, como é que faz para pagar aluguel e fazer as compras?
Procurado, o Rioprevidência não prestou os devido esclarecimentos até o fechamento desta coluna.