Plano da Netflix de cobrar taxa extra parece estar indo por água abaixo
Política de cobrança adicional foi implementada na Costa Rica, Chile e Peru;
Netflix citou a divisão de contas como um dos motivos pela perda de assinantes;
Apesar de em vigor há uns meses, usuários ainda não foram cobrados pelo compartilhamento de senhas.
Há uns meses atrás a Netflix anunciou que iria realizar cobranças adicionais de usuários que compartilhassem suas senhas. A medida, que entrou em vigor na Costa Rica, no Chile e no Peru, previa o pagamento de uma taxa extra por cada usuário que não morasse na mesma casa e que usasse a conta.
No entanto, segundo um relatório do portal Rest of World, portal especializado em notícias de cultura e tecnologia, os usuários desses países ainda não viram nenhuma forma de aplicação da nova política, fora a tela que a anunciava.
Em abril, um mês após comunicar a cobrança adicional, a Netflix relatou sua primeira perda de assinantes em mais de uma década de operações, e citou o compartilhamento de senhas como um dos motivos responsáveis.
Confusões e falta de aplicação
A nova política de preços da Netflix colocava aos assinantes uma cobrança de $2.99 USD na Costa Rica, $7.9 PEN no Peru e $2380 CLP no Chile para cada usuário que não pertencesse à família de um titular que assistisse conteúdo em sua conta.
Esses valores ficam entre 30% e 40% do valor do plano básico nos países citados. Isso quer dizer que, caso aplicada no Brasil com o preço do plano mais barato (R$ 25,90) a cobrança ficaria entre R$ 7,70 e R$ 10,30 por cada pessoa não familiar que tivesse acesso à conta.
Um dos principais pontos de contenção com a política é a diferença na interpretação do que consiste uma família. Para os clientes, segundo um representante da Netflix entrevistado pelo Rest of World, o círculo familiar apto para dividir uma conta se refere a família próxima ou imediata do titular da conta. A empresa, no entanto, considera uma família apenas as pessoas que dividem um domicílio físico.
A Rest of World também informou que a Netflix enfrentou resistência de agências estatais de consumidores na Costa Rica, Peru e Chile. A agência de proteção aos consumidores do Peru recomendou que a Netflix trabalhe para esclarecer sua definição de "família" com os clientes. A mesma agência também teria dito que a política de cobrar os usuários pelo compartilhamento de senhas pode levar a uma discriminação arbitrária contra os consumidores.
Já funcionários de atendimento ao cliente nesses países afirmaram que, embora a política exista, basta uma ligação para a central de atendimento para regularizar a situação. Segundo eles, a pessoa seria instruída a utilizar um código extra de verificação para poder assistir a séries e filmes sem o pagamento de um custo extra.