Plano de imunização, datas, bate-boca e CoronaVac: confira como foi a reunião entre Pazuello e os governadores
A reunião dos governadores com o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, nesta terça-feira (8), teve momentos de tensão, constrangimento e embates. Entre os assuntos, foram discutidas a necessidade de um PNI (Plano Nacional de Imunização) e a compra de vacinas contra o novo coronavírus.
O ministro estabeleceu prazos para aprovação de imunizantes que ainda aguardam na fila da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), desenhou possíveis cronogramas para início da vacinação no País e ouviu dos governadores o pedido para não restringirem quaisquer vacinas, inclusive a CoronaVac, desenvolvida pelo governo paulista com a chinesa Sinovac.
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E foi o mandatário de São Paulo, João Doria (PSDB), com quem Pazuello e outros governadores que se sentiram pressionados travaram o embate mais tenso durante a reunião. A vacina do Instituto Butantan está no centro de uma guerra política entre o presidente Jair Bolsonaro e o governador paulista, prováveis adversários nas eleições presidenciais de 2022.
Confira como foi encontro entre Pazuello e os governadores:
Na chegada, cobrança por um Plano Nacional de Imunização sem restrição
Antes da reunião, os governadores criticam a falta de coordenação do governo e cobram a compra de vacinas e um plano nacional de imunização para o país. Na chegada, Wellington Dias, governador do Piauí e presidente do Consórcio Nordeste, disse que a posição dos governadores é "colocar a vida em primeiro lugar" e é obrigação "a união de todos" para um plano nacional.
Eles também pediram que o governo organize um plano de vacinação sem restrição a qualquer das vacinas que recebam autorização da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária).
Tensão e bate-boca com Doria sobre CoronaVac
O principal momento de tensão na reunião foi um bate-boca entre Doria e Pazuello sobre a falta de interesse do governo federal em relação à CoronaVac.
Doria questionou se Pazuello não privilegia a CoronaVac por "questão ideológica, política ou falta de interesse" e relembrou que o ministro fora desautorizado pelo presidente após ter se comprometido a comprar 46 milhões de doses do imunizante.
Ao destacar os valores já pagos pelo governo para outras vacinas, Doria afirmou que todas estão na mesma situação da CoronaVac — ainda sem registro da Anvisa — e questionou o motivo de a vacina não ter sido apoiada pelo governo.
Pazuello diz que vai comprar todas as vacinas registradas e apresentará PNI na quarta
Em resposta após o embate, Pazuello afirmou que o Ministério da Saúde irá adquirir todas as vacinas disponíveis e registradas pela Anvisa. O ministro garantiu ainda que irá apresentar, na quarta-feira (8), o plano logístico de compra e distribuição de vacinas e insumos para todo país.
De acordo com os governadores, ficou também acertado que a Anvisa irá registrar emergencialmente, em até 72 horas, qualquer vacina para o coronavírus que for certificada por uma das quatro agências internacionais de vigilância sanitária previstas em lei federal --as dos Estados Unidos, Europa, Japão e China.
Doses de vacinas da Pfizer chegarão no 1º semestre de 2021
O governo anunciou que prevê receber 8,5 milhões de doses da vacina da Pfizer no 1º semestre de 2021. Segundo Pazuello, o acordo em negociação, de 70 milhões de doses, ainda precisa ser detalhado.
Está previsto, no entanto, que o valor por dose seja no máximo até o que será pago pelo Brasil dentro do consórcio Covax Facilities, organizado pela Organização Mundial da Saúde, que é de 9 a 11 dólares por dose. Apesar da vacina da Pfizer precisar ser refrigerada a menos 70 graus Celsius, Pazuello diz que a logística é complexa, mas não impossível.
Governadores falam em autorização automática caso Anvisa seja omissa
Embora Pazuello tenha mencionado prazo de 60 dias para obtenção de registro de qualquer vacina pela Anvisa, governadores que participaram da reunião destacaram que caso haja algum imunizante aprovado em agências do exterior e o órgão brasileiro não se manifeste em 72 horas, a vacina estará automaticamente aprovada e poderá ser usada.
“Se a Anvisa não se manifestar em 72 horas sobre a autorização, a vacina automaticamente estará autorizada”, afirmou o governador de Goiás, Ronaldo Caiado, complementando: “Temos a fala final do ministro de que vai adquirir toda e qualquer vacina. E que o processo vai ser feito pelo Ministério da Saúde e não pelo governador A ou B”.
Após encontro, Pazuello diz que início da vacinação será no fim de fevereiro
Em comunicado distribuído pelo Ministério da Saúde depois do encontro, Pazuello afirmou que o início da vacinação no Brasil vai ocorrer após o registro efetivo do imunizante da farmacêutica AstraZeneca no final de fevereiro "se tudo estiver redondo”.
"A Anvisa vai precisar de um tempo cumprindo essa missão. O registro gira em torno de 60 dias. Se tudo estiver redondo, teremos o registro efetivo da AstraZeneca no final de fevereiro, dando início à vacinação”, disse o ministro, segundo a nota.
Antes, em um plano provisório apresentado na semana passada, o Ministério havia informado que a vacinação deveria começar somente em março.