Polícia espanhola prende pai de irmãs assassinadas no Paquistão
A polícia espanhola prendeu nesta quarta-feira (22), perto de Barcelona, o pai das duas irmãs residentes na Espanha, que teriam sido vítimas de um crime de "honra" nas mãos de familiares no Paquistão — informaram fontes policiais.
Desde o início da manhã, vários agentes foram mobilizados em Terrassa, localidade a cerca de 30 km de Barcelona, onde a família das jovens viveu durante anos. Lá, de acordo com uma fonte policial, o pai de Anesa e Araooj Abbas foi detido para esclarecer se tem alguma relação com a suposta trama que levou à morte de suas filhas por quererem romper seus casamentos forçados.
O Tribunal de Instrução Terrassa encarregado do caso, que corre em segredo de Justiça, também ordenou outras diligências, como a revista de um domicílio.
Seis membros da família das duas jovens, incluindo um de seus irmãos e um tio como principais suspeitos, foram presos no Paquistão logo após o crime.
Os fatos abalaram a extensa comunidade paquistanesa da Catalunha.
A tragédia aconteceu em maio de 2022, quando Aneesa, de 24, e Araooj, de 21, foram convencidas a viajar da Espanha para seu país natal, onde terminaram assassinadas.
Pouco depois, a polícia de Gujrat (oeste) confirmou que os homicídios estavam sendo investigados como um possível crime de "honra", uma prática patriarcal de assassinato para lavar a honra da família.
As duas mulheres — que tentavam se separar de seus maridos, que ainda viviam no Paquistão, para seguirem suas vidas na Espanha — foram enganadas para se deslocarem para Gujrat, dizendo-lhes que sua mãe, que havia viajado alguns meses antes, estava doente, informou o jornal espanhol El País.
Uma vez lá, sofreram pressões por parte de seus cônjuges, que também eram seus primos, para ajudá-los a emigrar para a Espanha, conforme relato da polícia paquistanesa.
A mãe das jovens, que ouviu impotente o ataque às filhas de uma sala ao lado, foi resgatada pela polícia e transferida dias depois para a Espanha. Ainda conforme El País, já em território espanhol, ela acusou um de seus filhos como principal responsável pela tragédia.
No Paquistão, a polícia registrou mais de 470 crimes "de honra" em 2021, de acordo com a Comissão de Direitos Humanos do Paquistão. Esse número pode ser maior. Muitos casos não são notificados, porque as famílias tendem a proteger os assassinos em uma sociedade profundamente patriarcal.
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