População em situação de rua bate recorde em 2022 em São Paulo

Pesquisadores usaram dados do CadÚnico e apontam que número real de pessoas em situação de rua pode ser ainda maior

Levantamento de pesquisadores da UFMG aponta que população em situação de rua em São Paulo ultrapassa 48 mil. (Photo by Alexandre Schneider/Getty Images)
Levantamento de pesquisadores da UFMG aponta que população em situação de rua em São Paulo ultrapassa 48 mil. (Photo by Alexandre Schneider/Getty Images)
  • Pesquisa do Observatório Brasileiro de Políticas Públicas com a População de Rua (POLOS-UFMG) aponta que a capital São Paulo concentra até 25% de toda a população em situação de rua do país;

  • Pesquisadores usaram dados do CadÚnico e indicam que número real pode ser ainda maior;

  • De acordo com o CadÚnico, 192 mil pessoas estão em situação de rua no Brasil.

Uma pesquisa realizada por pesquisadores da Universidade Federal de Minas Gerais aponta que 48.261 pessoas estavam em situação de rua em São Paulo no ano de 2022. O número é o maior registrado nos últimos dez anos.

O levantamento, divulgado pelo portal G1, foi do Observatório Brasileiro de Políticas Públicas com a População de Rua (POLOS-UFMG), e usou dados do CadÚnico.

De acordo com o estudo, a capital paulista concentra 25% das pessoas em situação de rua de todo o país. Enquanto o estado tem 42% da população em situação de rua do país. Dessa forma, 4 de 10 pessoas em situação de rua no Brasil estão no estado de São Paulo.

Em 2012, no início da série histórica, eram 3.800 pessoas nessa situação. Assim, no ano passado, o número registrado é 12 vezes maior.

De acordo com o CadÚnico, 192 mil pessoas estão em situação de rua no Brasil. Todavia, esse dado ainda pode estar subnotificado, apontam especialistas. Assim, esse número pode ser até 40% maior, e ficar em torno de 300 mil pessoas.

A pesquisa aponta que, em 2021, houve uma diminuição de pessoas em situação de rua. Mas isso não necessariamente reflete a realidade. O que ocorreu foi uma dificuldade de realização dos registros pelos municípios durante a pandemia de Covid-19.

Assim, no ano passado, mutirões foram realizados para levantar esses dados e o número ficou mais próximo da realidade.

Também em 2022, o antigo Ministério da Cidadania, da gestão de Jair Bolsonaro (PL), estipulou um prazo para atualização desses cadastros. Muitos não conseguiram realizá-lo e a estimativa, de acordo com apuração do G1, é de que 21 mil registros tenham sido excluídos entre outubro e novembro do último ano.