Por caminhos diferentes, Holanda e Itália sonham em superar fracassos e ir à Copa do Qatar
Duas das principais camisas da história do futebol só torcem para que os piores dias tenham ficado para trás. Depois de amargarem a ausência da Copa do Mundo da Rússia, Holanda e Itália iniciaram a caminhada nas Eliminatórias para o Mundial do Qatar com ânimos renovados, ainda que por motivos diferentes.
Nesta terça-feira, às 15h45 (de Brasília), a Laranja Mecânica enfrentará a seleção de Gibraltar pela terceira rodada do Grupo G. Ela vem de uma vitória sobre a Letônia por 2 a 0, mas antes, na primeira rodada, perdeu para a Turquia por 4 a 2. Um retrato da irregularidade que marca os resultados da seleção depois da pandemia. A instabilidade, afirma o repórter Rypke Bakker, do site “NU.nl”, coincide com a saída de Ronald Koeman do comando da seleção para ir treinar o Barcelona. Ainda assim, a expectativa é boa.
— Temos uma geração que cresceu e que tem mostrado talento. Acreditamos nesse novo momento do futebol do país. O Ajax conseguiu bons resultados na Europa, e quando terminamos a Liga das Nações em segundo, pensamos: ‘bem, voltamos a brigar no topo’ — diz Bakker.
Desde o fracasso, em 2017, até agora, muita coisa mudou em termos de nomes. A campanha nas Eliminatórias passadas decretou o fim da geração formada por Robben, Van Persie e Sneijder, responsável pelo vice-campeonato mundial em 2010 e pelo terceiro lugar na Copa de 2014. Nomes apenas promissores quatro anos atrás se firmaram como referências, como o atacante Depay, o meia Wijnaldum e, principalmente, o zagueiro Van Dijk. Juntou-se ao trio jovens em ascensão, como o meia De Jong e o zagueiro De Ligt e assim os holandeses formaram uma espinha dorsal.
O desempenho deles na Euro deste ano poderá servir de termômetro para o mundo do futebol acreditar ou não nesta retomada dos três vezes vice-campeões mundiais.
'Mancini faz mágica'
Maior decepção que a Holanda foi a Itália, tetracampeã do mundo, ficar fora da Copa da Rússia. O resultado gerou reflexões dentro do país sobre o que teria causado tamanho fracasso, semelhante ao 7 a 1 para o futebol brasileiro.
Muitos apontaram uma falha na formação de novos jogadores como motivo para a decadência e cobraram da federação italiana mudanças estruturais na base.
Entretanto, a transformação, ao menos momentânea, veio pelas mãos de um único homem. Roberto Mancini, desde meados de 2018 à frente da Azzurra, é apontado pelo jornalista Carlo Pizzigoni, do canal Sky Italia, como o grande responsável pela guinada.
Segundo Pizzigoni, a equipe nacional voltou a ser querida pelos torcedores italianos pelo jogo agradável de se ver. O tradicional estilo de jogo defensivo foi deixado de lado e a seleção da Itália passou a jogar agredindo mais os adversários.
— Em termos de talentos, não temos jogadores com a mesma qualidade que França, Alemanha ou Bélgica, mas o time agora funciona coletivamente. Mancini transformou a seleção como num passe de mágica — analisa Pizzigoni.
Segundo ele, a maior dificuldade do treinador é encontrar um camisa 9 à altura das tradições do país, saudoso dos tempos de Vieri e Inzaghi. A falta de goleadores mais qualificados é o que impede resultados mais expressivos. Ainda assim, isso não foi obstáculo para duas vitórias nas duas primeiras rodadas, ambas por 2 a 0, sobre Irlanda do Norte e Bulgária. A próxima partida será quarta-feira, contra a Lituânia.