Privatizar Petrobras levaria ao menos 4 anos, diz Bolsonaro
(Reuters) - O presidente Jair Bolsonaro avaliou nesta segunda-feira como "muito difĂcil" uma privatização da Petrobras e estimou que o processo de venda da companhia poderia levar atĂ© quatro anos.
Em entrevista ao canal Terraviva, o presidente tambĂ©m disse que a eventual venda da estatal dependeria de uma modelagem correta, e apontou nĂŁo ser possĂvel simplesmente repassar a companhia a quem pagar mais.
"A privatização da Petrobras Ă© muito difĂcil. Eu conversei com o ministro de Minas e Energia (Adolfo Sachsida), ele tem essa intenção, deu o pontapĂ© inicial, mas dificilmente vai para frente isso", disse o presidente na entrevista.
"Correndo tudo certo, levaria uns quatro anos. E vocĂȘ tem que modular isso aĂ, nĂŁo pode simplesmente quem pagar mais vai levar. VocĂȘ tem hoje um dia um monopĂłlio estatal aqui dentro, ia ter um outro monopĂłlio privado aĂ fora", acrescentou.
Na semana passada, o Conselho do Programa de Parcerias de Investimentos (CPPI) aprovou recomendação da qualificação da Petrobras para estudos de avaliação para privatização.
Em um primeiro passo, segundo o secretĂĄrio especial do Programa de Parcerias de Investimentos (PPI), Bruno Leal, a resolução do ĂłrgĂŁo recomenda ao presidente da RepĂșblica a qualificação, para que o processo possa caminhar.
Se o presidente acatar a recomendação do CPPI, explicou Leal, haverå a edição de um decreto sobre o assunto.
O ministro Minas e Energia tem defendido a privatização da Petrobras. Ele assumiu o posto em meio Ă insatisfação de Bolsonaro com os recentes aumentos nos preços dos combustĂveis anunciados pela estatal e, dias depois de chegar ao cargo, foi anunciada uma nova mudança no comando da petroleira, que depende de trĂąmites dentro da empresa.
Na entrevista ao Terraviva, Bolsonaro reiterou afirmaçÔes de que a Petrobras tem um lucro exagerado e reclamou do que chamou de "burocracia enorme" para fazer mudanças na estatal.
"A Petrobras tem uma ganĂąncia enorme, o lucro da Petrobras Ă© algo exagerado", disse o presidente.
"A Petrobras, estamos tentando mudar. Mudou o ministro das Minas e Energia e quer mudar agora toda a Petrobras. Mas hĂĄ uma dificuldade, reuniĂŁo de conselho, uma burocracia enorme e demora isso daĂ. Espero que atĂ© lĂĄ nĂŁo haja um novo aumento de combustĂvel, porque eu nĂŁo tenho participação no aumento do preço do combustĂvel. Por mim, nĂŁo aumentaria."
Bolsonaro tambĂ©m afirmou que a estatal Ă© "refĂ©m dos minoritĂĄrios" e que os lucros da Petrobras estĂŁo ajudando a pagar a aposentadoria de pessoas fora do Brasil Ă s custas do sacrifĂcio da população brasileira afetada pela alta nos preços dos combustĂveis.
No inĂcio de maio, a Petrobras aprovou distribuição de dividendos de 48,5 bilhĂ”es de reais. Embora a minoritĂĄrios tambĂ©m recebam, a UniĂŁo como acionista majoritĂĄria leva a maior parte da remuneração.
(Por Eduardo SimÔes, em São Paulo)