Procura por seguro rural no Brasil triplica em 5 anos, diz CNseg

Colheita de milho em MaringĂĄ, no ParanĂĄ

Por Roberto Samora

SÃO PAULO (Reuters) - A procura por seguro rural no Brasil triplicou nos Ășltimos cinco anos, apontou levantamento da Confederação Nacional das Seguradoras (CNseg), com produtores buscando maior proteção apĂłs adversidades climĂĄticas que afetaram as safras em temporadas recentes.

AlĂ©m disso, a subvenção governamental ao prĂȘmio do seguro rural aumentou nos Ășltimos anos e permitiu que o mercado crescesse, o que estimulou a contratação pelos produtores.

O indicador de aumento da procura é a arrecadação do seguro rural, que atingiu 12,6 bilhÔes de reais de janeiro a novembro de 2022, alta de 40% versus 2021, disse CNseg. No mesmo período de 2018, o setor havia arrecadado 4,28 bilhÔes de reais.

"É evidente que a subvenção Ă© o alicerce do mercado de seguros, e uma maior procura dos segurados faz tambĂ©m com que a subvenção venha a diluir o custo financeiro deles, seja subvenção federal, concedida por meio do governo federal, e atĂ© subvençÔes estaduais", disse o vice-presidente da ComissĂŁo de Seguro Rural da Federação Nacional de Seguros Gerais, Daniel Nascimento.

"Mas o que a gente percebe no mercado Ă© que a percepção de risco do produtor estĂĄ maior, principalmente pelas perdas ocorridas no Ășltimo ano...", disse ele, acrescentando que no ano passado quebrou a safra de soja, mas em 2021 produtores tambĂ©m tiveram perdas por geadas, como foi o caso daqueles que plantam milho ou cultivam cafĂ©, no Sul e Sudeste.

Em 2022, o governo federal concedeu pouco mais de 1 bilhĂŁo de reais para a subvenção ao prĂȘmio do seguro, versus 1,15 bilhĂŁo em 2021, o que mostra que o interesse do produto em segurar sua safra aumentou apesar de uma queda no subsĂ­dio dado pelo governo, conforme os dados da CNseg. Em 2018, foram ofertados em subsĂ­dios cerca de 370 milhĂ”es de reais.

Segundo Nascimento, a demanda no mercado pela subvenção em 2022 era por algo próximo a 1,7 bilhão de reais.

O novo ministro da Agricultura, Cårlos Fåvaro, afirmou nesta semana à Reuters que o seguro rural serå uma das prioridades de sua gestão, enquanto a federação das seguradoras disse que estå atenta às iniciativas governamentais, inclusive nos Estados, para manter o crescimento.

Apesar do aumento do seguro nos Ășltimos anos, a proporção entre a ĂĄrea plantada e a segurada Ă© de 15% no Brasil, Ă­ndice baixo quando comparado com outros importantes produtores agrĂ­colas, como Estados Unidos (cerca de 90%) e China (perto de 65%), segundo dados citados por Nascimento.

Isso mostra o potencial do mercado brasileiro para as seguradoras, mas tambĂ©m indica riscos elevados para o setor de seguro, com o clima tendo castigado safras de soja, milho, cana e cafĂ© nos Ășltimos anos.

A região Sul do Brasil foi a que liderou a procura pelo seguro rural em 2022 no acumulado até novembro. No ranking de Estados aparecem: Rio Grande do Sul (19,1%), seguido pelo Paranå (17,7%), São Paulo (15,7%), Goiås (9,3%) e Mato Grosso do Sul (8,7%).

Juntos, esses Estados representaram 70,5% da arrecadação nacional no período.

Segundo o presidente da CNseg, Dyogo Oliveira, o seguro Rural é fundamental para a agricultura no país. Ele citou que os produtos estão disponíveis para agricultores que seguem as boas pråticas de manejo, como zoneamento agrícola, além da adequada correção de solo, adubação e controles fitossanitårios.

INDENIZAÇÕES TAMBÉM SALTAM

Se mais produtores tĂȘm buscado se proteger das intempĂ©ries, as quebras recentes de safras resultaram em um forte aumento nos pagamentos das indenizaçÔes, que subiram de 1,95 bilhĂŁo de reais em 2018 para 10,3 bilhĂ”es de reais em 2022, alta de 78,6% ante ante 2021.

Pela primeira vez na história do país, as indenizaçÔes superaram 10 bilhÔes de reais, notou o CNseg.

Diante das quebras de safra, a Brasilseg, lĂ­der em seguros do agronegĂłcio, com cerca de 60% do mercado no paĂ­s, estĂĄ planejando dividir o risco de suas apĂłlices com mais resseguradoras, disse um presidente seguradora, RogĂ©rio Idino, Ă  Reuters, no inĂ­cio do mĂȘs.