Publicações confundem enquetes sem valor científico com pesquisas eleitorais
Enquete realizada pela Jovem Pan circula nas redes sociais apontando vantagem de Bolsonaro sobre Lula
Votação ao vivo não utilizou método científico e não se trata de pesquisa eleitoral
Pesquisas, diferentemente de enquetes, devem ser registradas junto à Justiça Eleitoral
Um vídeo com mais de 230 mil visualizações circula nas redes sociais questionando o porquê de uma enquete realizada pela emissora Jovem Pan não estar sendo divulgada nos veículos de imprensa.
Na gravação, o usuário confunde enquetes com pesquisas e pergunta "porque será que não estão divulgando aí, a mídia tradicional [...] que gosta de fazer pesquisas de eleições, mas não estão divulgando essa da Jovem Pan".
Contudo, ao contrário das pesquisas eleitorais, enquetes não seguem método científico e não necessariamente selecionam uma amostra diversa, que representa o eleitorado.
A enquete realizada ao vivo pela Jovem Pan em 17 de fevereiro de 2022 e exibida no programa Entrelinhas questionou seus espectadores sobre "qual Brasil você prefere: o de Lula ou o de Bolsonaro?”. Dos que responderam, 91,2% preferiam o de Bolsonaro e somente 8,8% optaram pelo de Lula.
Apesar de a enquete estar sendo confundida com uma pesquisa eleitoral, não é possível misturar os dois conceitos. A Resolução nº 23.600 de 12 de dezembro de 2019 do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) estabelece as diferenças entre ambos.
De acordo com a norma, as empresas que realizarem pesquisas "relativas às eleições ou às candidatas e aos candidatos, para conhecimento público, são obrigadas, para cada pesquisa, a registrar, no Sistema de Registro de Pesquisas Eleitorais (PesqEle), até 5 (cinco) dias antes da divulgação". O sistema de registro é parte da Justiça Eleitoral.
Já as enquetes, conforme a resolução consiste no "levantamento de opiniões sem plano amostral, que dependa da participação espontânea da parte interessada, e que não utilize método científico para sua realização". Nesse sentido, esses levantamentos não selecionam uma amostra que representa o eleitorado, de modo que seus resultados, muitas vezes, podem ser distorcidos por essa falta de diversidade.
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