Pulseiras de LED, 'desculpas' de Chris Martin e parceria com Seu Jorge: como foi a primeira noite do Coldplay no Brasil

Virou passeio. Em pouco mais de duas horas de show a banda britânica Coldplay enumerou hits, fez chover papel picado nas mais diferentes cores e formatos, mostrou um sem fim de fogos de artifício, fez brotar labaredas de fogo do fundo do palco e, é claro, comandou um balé de luzes com as já tradicionais pulseiras de LED (feitas de plástico derivado de plantas) oferecidas nos shows da banda.

A apresentação em questão foi o primeiro da turnê Music of the Spheres, que começou a etapa brasileira na noite de sexta-feira, no Estádio do Morumbi, em São Paulo. Ainda há outras dez datas com ingressos esgotados, ou próximos de acabar, diante de novas aberturas de pequenos lotes no Rio. Serão cinco datas na capital paulista, três no Rio e duas em Curitiba. Trata-se de uma movimentação incomum: a produtora Live Nation responsável pelo evento, por exemplo, nunca fez tantos shows numa única tacada em uma mesma arena com o mesmíssimo artista.

'Playground para adulto'

No maior esquema de "playground para adulto", a banda fez um desfile com canções conhecidas dos pouco mais de vinte anos de carreira do quarteto. Entre elas, hits arrasa-quarteirão como "Viva La Vida", "Yellow" e "The Scientist".

O visual do concerto, contudo, é arrebatador nas canções mais pop do novo disco Music of The Spheres, caso de My Universe e Biyutiful. Na noite de estreia, o público na casa dos 30 ou 40 anos vibrava a cada nova peripécia tecnológica inventada pelo grupo. Munido de uma boa dose de carisma, o vocalista chamou uma fã para cantar ao palco, mandou um sem fim de beijos e ensaiou desajeitados passos de dança.

Como o GLOBO mesmo já mostrou, o celular pode causar dependência. Talvez sabendo dessa informação Chris Martin chegou a pedir aos presentes no show que deixassem de lado o aparelho durante a canção: "Sky Full of Stars" , por cerca de "apenas quatro minutos", argumentou. A maioria topou o desafio. Chris, o vocalista, tentava comunicar-se constantemente com a plateia e pediu desculpas por não falar português. Apesar da barreira linguística disse no nosso idioma que "adorava a chuva". Além de "Obrigado", "Gratidão" e... "paulistas".

De olho no sustentável

Pouco antes do final da noite, os britânicos convidaram ao palco (de surpresa) o cantor Seu Jorge para cantar "Amiga da Minha Mulher". O arranjo musical ficou por conta do Coldplay e Chris Martin tentou acompanhar o brasileiro em alguns trechos do refrão.

A apresentação teve jeitão sustentável. Antes de começarem as músicas, por exemplo, foi exibido um vídeo que mostrava as organizações em defesa do meio ambiente que recebem parte do valor arrecadado com o evento. A banda, dizem os vendedores dentro do estádio, também vetou o plástico no perímetro. Os copos de cerveja são de papel, assim como as sacolas da loja de camisetas e bonés.

Conseguir um carro de aplicativo ou um táxi nos arredores do Morumbi foi tarefa ingrata, diante de bloqueios promovidos na região das ruas próximas ao estádio, sobretudo ao longo da Avenida Jorge João Saad.

A maior parte da legião de fãs foi obrigada a encarar uma caminhada de pouco mais de um quilômetro até a estação de metrô mais próxima: São Paulo-Morumbi, da Linha Amarela. Ao longo do trajeto, uma multidão de vendedores ambulantes ainda tentavam fazer um dinheiro extra, vendendo camisetas, chaveiros, pulseiras e oferecendo bebida - nos copos de plástico que Chris Martin vetou dentro do estádio do tricolor paulista.