Queiroga insinua que Planalto barrou nomeação de secretária anti-cloroquina

A secretária de Enfrentamento à Covid-19, Luana Araújo, e o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, participam da cerimônia de lançamento da Secretaria Extraordinária de Enfrentamento à Covid-19.
A secretária de Enfrentamento à Covid-19, Luana Araújo, e o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, participam da cerimônia de lançamento da Secretaria Extraordinária de Enfrentamento à Covid-19.
  • Ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, insinuou que Palácio do Planalto barrou a nomeação da médica Luana Araújo

  • A infectologista foi anunciada como secretária de Enfrentamento à Covid-19 e deixou o cargo dez dias depois

  • Médica se manifestou contra medicamentos do chamado 'kit covid'

O ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, insinuou que o Palácio do Planalto barrou a nomeação da infectologista Luana Araújo à Secretaria Extraordinária de Enfrentamento à Covid-19. Ela é formada pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e pós graduada em epidemiologia na Universidade Johns Hopkins, nos Estados Unidos.

Em audiência na Câmara dos Deputados nesta quarta-feira (26), ele declarou que, para integrar cargos de confiança no governo, é necessário ter “validação técnica e política”.

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“A doutora Luana Araújo é uma pessoa qualificada, que tem condições técnicas para exercer qualquer função pública. E nós encaminhamos para as instâncias do governo. Ela não chegou a ser nomeada”, explicou.

“É necessário que exista validação técnica e que exista também validação política para todos os cargos que pertencem ao núcleo de cargos de confiança do governo, porque senão não há condição do presidente da República implementar as políticas públicas que são necessárias para o enfrentamento da pandemia de Covid-19”.

Após ser anunciada secretária de Enfrentamento à Covid-19, Luana Araújo deixou o Ministério da Saúde dez dias depois. A infectologista já havia feito manifestações contrárias ao uso de cloroquina, hidroxicloroquina e ivermectina no tratamento contra a covid-19, inclusive em pacientes com sintomas leves.

No entanto, Queiroga garantiu aos deputados que tem autonomia para conduzir o Ministério da Saúde.

“Todos veem que nós temos autonomia para conduzir o Ministério da Saúde e os resultados já estão aí, basta olhar. Quem julga o passado é a história. Nosso compromisso é com o futuro”, afirmou o ministro.

Depoimento à CPI da Covid no Senado

Nesta quarta, senadores aprovaram a convocação de Luana Araújo para depor na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid no Senado.

Luana divulgou nota oficial se posicionando sobre a saída da pasta. “Neste curto período de atuação, ainda que sem nomeação oficial, pude desenvolver trabalhos em várias frentes, incluindo o plano de testagem agora apresentado pelo ministro da Saúde”, afirmou a médica.

Depois do anúncio, Luana teria começado a ser criticada pela militância bolsonarista nas redes sociais, por ser contra medicamentos comprovadamente sem eficácia para a covid-19, mas que são defendidos pelo presidente Jair Bolsonaro.