Quem é o "coach" que colocou pessoas em risco ao subir montanha
Pablo Marçal se apresenta como estrategista digital e vende cursos que prometem prosperidade
Coach levou grupo para subir montanha em SP e teve de chamar os bombeiros pelo mau tempo
Bombeiros chamaram coach de "irresponsável" por colocar 32 pessoas sob risco de morte
Pablo Marçal, que colocou em risco 32 pessoas ao subir até o topo do Pico dos Marins, no interior de São Paulo, se apresenta como mentor e estrategista digital, e vende cursos que prometem prosperidade aos alunos. Um deles, com um ano de duração, é vendido por R$ 2.997.
Com mais de 2 milhões de seguidores no Instagram, Marçal se divulga nas redes sociais como um "coach" capaz de mostrar para as pessoas qual o caminho para ter uma vida de sucesso. Para convencer os coachees, como são chamados seus clientes, ele aposta na retórica de tom religioso e propõe uma atividade que exige um sacrifício, que promete "destravar" capacidades de superação em cada participante.
Em uma "metáfora" da vida real, ele decidiu levar 67 pessoas, para subir uma montanha – uma espécie de treinamento para "subir na vida". O destino era o Pico dos Marins, na Serra da Mantiqueira, a 2.420 metros acima do nível do mar. No entanto, o grupo ignorou o mau tempo e decidiu subir, mesmo com chuva e fortes ventos. A região estava em estado de alerta devido ao mau tempo, decretado pela Defesa Civil.
Parte do grupo decidiu abandonar a subida e voltar para a base, mas 32 decidiram continuar. Eles chegaram ao pico na última quinta-feira (6) e, à noite, montaram barracas. O vento rasgou todas e, por volta das 3h30, o grupo chamou o Corpo de Bombeiros.
"Subir com um grupo de pessoas despreparadas e sem equipamento é colocá-las sob risco de morte. Essa foi a pior ação que a gente viu no Pico dos Marins", afirmou o capitão dos Bombeiros, Paulo Roberto Reis.
O porta-voz do Corpo de Bombeiros de Minas Gerais, Pedro Aihara, usou as redes sociais para comentar o caso. Ele chamou Pedro Marçal de "irresponsável fanfarrão" e criticou o "coach" por subir o pico sem conhecimento técnico sem suporte adequado e sem estrutura.
"Respeito profundamente quem exerce adequadamente a profissão de coach, que definitivamente não é o caso desse indivíduo", escreveu Aihara. O bombeiro afirmou que as pessoas devem respeitar a montanha, os próprios limites e a vida.
Nas redes sociais, Marçal divulgou vídeos da subida, da descida e também do temporal. Questionado se a subida não havia sido irresponsável, o "coach" respondeu que não se tratava de uma colônia de férias. "Todos estavam conscientes dos riscos. Por isso a maioria não subiu. Eu fui o último a subir e o primeiro a chegar no pico", disse.
Ele ainda explicou que decidiu chamar os bombeiros por precaução, porque o grupo perdeu a comunicação por rádio com os que estavam na base.