Radiologista suspeito de importunação sexual tem prisão preventiva revogada
O médico radiologista Martinho Gomes de Souza Neto, preso em flagrante na última quarta-feira acusado de importunar sexualmente pacientes, teve a prisão preventiva revogada por decisão do juiz Paulo Roberto Jangutta, nesta quinta-feira. Ele irá responder em liberdade, segundo os advogados Luís Rassi e Cassio Rodrigues Barreiros, que fazem a sua defesa.
Entenda: Cinco mulheres denunciam médico radiologista por importunação sexual durante consultas
Leia mais: Grávida processou radiologista preso por diagnóstico errado durante exame
O juiz determinou também a imposição de medidas cautelares como a suspensão temporária imediata do exercício da Medicina, não se ausentar da cidade sem autorização judicial e a proibição de se aproximar menos de 500 metros da vítima e seus familiares.
Martinho de Souza Neto já foi denunciado por ao menos seis mulheres por violação sexual mediante fraude durante exames na 12ª DP (Copacabana).
Em nota, a defesa de Martinho Neto afirma que o cliente foi "massacrado em razão de uma denúncia formulada por uma paciente que se sentiu vilipendiada em sua sexualidade. E cada uma das pessoas com capacidade de decisão tomaram a decisão mais fácil, condená-lo."
A defesa argumenta ainda que a juíza responsável por decretar a prisão preventiva "sequer aceitou ver provas que indicavam que, naquela clínica, apesar dos pedidos de Martinho, nunca lhe fora permitido a presença de uma auxiliar". A presença da auxiliar serviria para proteger o médico e a paciente em situações como essa, afirmam.
A influenciadora digital Cris Silva, de 26 anos, é a responsável pela denúncia que levou a prisão do médico em flagrante. Ela gravou um vídeo no qual explicou estar aliviada pela prisão de Martinho Neto. O caso está tramitando em sigilo na Delegacia de Atendimento à Mulher (Deam), no Centro do Rio.
"Gente, estou muito emocionada, porque descobriram que eu não fui a primeira pessoa que ele fez isso. A delegada falou que ele tá preso. Não tem fiança. Porque eu não fui a primeira vítima dele, que ele já havia feito isso antes. Estou muito aliviada porque na infância eu sofri abuso. Eu não tive forças para falar o que tinha acontecido comigo Era só uma criança. E eu prometi a mim mesmo que quando crescesse, se alguém fizesse isso comigo de novo, eu ia ter forças para denunciar. Estou muito orgulhosa de mim. Esse choro é de alívio, tipo assim, de felicidade, de que não vai acontecer com mais ninguém", disse na gravação.
Segundo Cris, ela, que mora nos EUA, chegou ao Rio para o final das férias. Na última quarta-feira, foi até a uma clínica para fazer uma mamografia. Cris alega ter sido convencida pelo suspeito a fazer um exame ginecológico, programado para ocorrer em outra data. A vítima afirmou que, durante o procedimento, o médico havia identificado um cisto. E que para ele conseguisse visualizá-lo, ela deveria se estimular sexualmente.
— Eu toquei o meu estômago, mas ele falou que eu precisava me estimular. Eu falei que não queria mais fazer aquele exame e ele segurou no meu braço e disse que iria terminar o exame. Nisso, alguém bateu na porta. Eu aproveitei para correr para o banheiro onde vesti minha roupa — relatou Cris.