Reduto da resistência negra, Renascença faz aniversário com samba e Festival do Chopp

Símbolo da resistência negra carioca, o Renascença Clube, fundado em 1951 no Andaraí, está comemorando 72 anos de fundação. Um dos principais circuitos do samba na cidade tem na sua história a luta e a organização de mulheres e homens afrodescendentes, do bairro do Méier e seus arredores, pelo direito ao lazer. Em meados do século XX, eles eram proibidos de frequentar locais como o clube devido à cor de sua pele. A ideia inicial foi esta: criar um espaço para realização de reuniões e festas.

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E para marcar esse momento especial, o Rena, como é carinhosamente chamado por quem frequenta o local, realiza hoje, a partir das 14h, o Festival do Chopp, com entrada a R$ 95 (não sócios) e R$ 85 (associados). Em pleno sábado de carnaval, quem comanda a festa são o grupo Confraria Carioca e o Bloco Buster. Este evento também marca o retorno dos tradicionais bailes organizados pelo clube.

O vice-presidente cultural do Renascença, João Carlos Martins, destaca que hoje a diretoria trabalha na perspectiva do conceito africano de Sankofa, ou seja, buscar no passado conhecimento e sabedoria para se construir um futuro melhor.

— Estamos criando esse ambiente porque as coisas são cíclicas. O Rena é um espaço de quebra de paradigmas sociais; ele consegue traduzir essa força negra de valorização da nossa cultura afrocarioca. O tambor do Brasil é o Rio de Janeiro. Este é um espaço aberto para quem quer viver de forma fraterna. O samba é um estruturante social, mas a nossa história mostra que vamos além deste gênero musical. Aqui tem culinária, memória e ancestralidade — enfatiza.

Quem frequenta o local sente essa vibração. A advogada Daniele Ferreira mora em Vila Isabel e diz que o Rena é o quintal de sua casa. Sabe que quando pisa por lá há uma história que precisa ser respeitada e colocada em seu devido lugar.

— É um espaço de resistência. O próprio Samba do Trabalhador surge dessa busca da alegria como forma de vida; o clube se reinventa. E para mim o Rena é sinônimo de encontro com os amigos — diz.

Para um dos fundadores do Renascença Clube, Paulos César Lopes, conhecido como Chiclete, estes 72 anos mostram que uma criação puxa a outra. Não há nada perdido durante esse caminho, enfatiza:

—Marcamos época com a realização de grandes bailes de carnaval. Sempre tivemos parcerias com outros grupos, como Cordão da Bola Preta e o Cacique de Ramos. E estamos aqui para escrever mais páginas.