Relembre frases do general Newton Cruz sobre ditadura, Riocentro, Lula e Dilma

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***ARQUIVO***RIO DE JANEIRO, RJ, 13.03.2014: General Newton Cruz. (Foto: Paula Giolito /Folhapress)
***ARQUIVO***RIO DE JANEIRO, RJ, 13.03.2014: General Newton Cruz. (Foto: Paula Giolito /Folhapress)

SÃO PAULO, SP (FOLHARPESS) - O general Newton Cruz, 97, chefe do SNI (Serviço Nacional de InformaçÔes) durante a ditadura militar, morreu nesta sexta-feira (15), aos 97 anos.

Cruz foi um dos poucos generais a ser formalmente acusado por crimes cometidos durante a ditadura, como participação no atentado a bomba no Riocentro, em 1981.

Em 2014, foi acusado de tentativa de homicĂ­dio doloso, associação criminosa armada, transporte de explosivos e favorecimento pessoal. O TRF-2 (Tribunal Regional Federal da 2ÂȘ RegiĂŁo) trancou a ação penal por considerar o crime prescrito.

Cruz foi considerado pelo MinistĂ©rio PĂșblico Federal coautor do atentado por nĂŁo ter tomado atitudes para evitĂĄ-lo.

Em entrevista Ă  Folha apĂłs a abertura da ação penal, ele admitiu que foi avisado com duas horas de antecedĂȘncia de que militares estavam deixando a sede do DOI-Codi carioca para detonar uma bomba no centro de eventos.

Confira abaixo frases de Newton Cruz em ataques Ă  imprensa, sobre o Riocentro, a ditadura, a ComissĂŁo da Verdade e os ex-presidentes Lula e Dilma Rousseff.

Imprensa

"Cale a boca, deixa eu falar e desligue essa droga"

Em entrevista ao jornalista HonĂłrio Dantas, da RĂĄdio Planalto, quando questionado a respeito da falta de democracia, em 17.dez.1983

Atentado no Riocentro

"Em 30 de abril de 1981, era noitinha, mais ou menos 19h, o coronel Ary [Pereira de Carvalho], que era meu chefe de operaçÔes, recebeu um telefonema do Rio. O [capitão Freddie] Perdigão foi ao DOI saber se havia alguma novidade. Quando chegou, viu um grupo que estava planejando partir para o Riocentro a fim de jogar uma bomba para marcar presença. Seria um protesto contra o que estava se passando lå. O Ary saiu dali: "Chefe, eu acabei de receber um telefonema". Quando ele contou, eu raciocinei até dez. O que fazer? Avisar a quem?"

Em entrevista Ă  Folha, em 15.mar.2014

"Avisar o que, se eu nĂŁo sabia para onde eles estavam indo, o trajeto que iam tomar, onde eles iam lançar a bomba? Como Ă© que eu vou informar a alguĂ©m para tomar alguma providĂȘncia?"

Em entrevista Ă  Folha, em 15.mar.2014

"Era impossível! Impossível! [ter evitado o atentado no Riocentro] Fui escalado o bode expiatório da revolução de 1964. Avisar a quem? Aí cerca tudo, e tal, e tinha um tumulto lå? Era o que eles queriam. Não havia nem celular nessa época. A bomba da casa de força não tinha possibilidade de prejudicar ninguém. Tanto que não foi nem ouvida no auditório. Foi um ato de presença. Não ia fazer nada. Ninguém podia fazer nada. Eu tinha que aguardar. Isso foi uma decisão minha. Minha. Tomada por minha conta, e por que eu achava que para o caso era a melhor decisão."

Em entrevista Ă  Folha, em 15.mar.2014

Inocentes mortos em atentados realizados por militares

"E daí? Descobriram? O que eu tenho com isso? Se pegarem o responsåvel, tinham que matar também. Matar não, mas punir rigorosamente. Ora bolas!"

Em entrevista Ă  Folha, em 15.mar.2014

Ditadura Militar

"Ditadura, propriamente, não era. Era um regime autoritårio forte. Agora, que não era uma democracia, não era. Não existe democracia em que o presidente pode editar ato institucional. Eu acho que a revolução escolheu bem a hora de entrar, mas não a de sair. Com o passar do tempo, o cachimbo entortou a boca. Por isso, saiu escorraçada."

Em entrevista Ă  Folha, em 15.mar.2014

Documentos destruĂ­dos pela ditadura

"Foi tudo de acordo com a lei da Ă©poca. O SNI existia para assessorar o presidente da RepĂșblica na polĂ­tica do governo. É um ĂłrgĂŁo de informação, e a informação nascia de um processamento doutrinariamente resolvido. Ele cumpriu o papel dele e terminou aĂ­"

Entrevista Ă  Folha, em 2.jun.2012

"Documento foi destruĂ­do para vocĂȘ nĂŁo deixar aparecer pessoas que nĂŁo tinham nada [a ver] com o problema, mas que tinham sido informantes e que tinham entrado no problema sob a garantia do sigilo profissional. Esses nĂŁo podiam ir adiante"

Entrevista Ă  Folha, em 2.jun.2012

EleiçÔes

"Vou repetir meu voto na Dilma. Tem a Dilma no passado e a de hoje. Eu acho que ela estå conduzindo bem o país. O país voltou a ser soberano, coisa que não era até o governo do Lula."

Em entrevista Ă  Folha, em 15.mar.2014

"Votei [em Lula], mas não voto mais, porque o Lula se ajoelhou diante do Paulo Maluf na eleição de São Paulo. Isso eu não posso admitir."

Em entrevista Ă  Folha, em 15.mar.2014

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