Relembre políticos e personalidades que se envolveram em escândalos com joias e artigos de luxo

O escândalo das joias enviadas pelo governo da Arábia Saudita à ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro envolve ao menos seis pessoas. De maneira direta, membros ligados ao governo de Jair Bolsonaro tentaram entrar no país ilegalmente com diamantes avaliados em R$ 16,5 milhões. Apesar da amplitude do caso, esta não é a primeira vez que políticos são alvos de polêmicas semelhantes. De Sérgio Cabral e Adriana Ancelmo a Claudia Cruz e Henrique Alves, relembre alguns casos:

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Ex-primeira dama: Adriana Ancelmo, condenada a 13 anos de prisão, está em liberdade e pode ter a pena reduzida

Sérgio Cabral e Adriana Ancelmo

Ex-primeira dama do Rio de Janeiro, Adriana Ancelmo já foi apontada como personagem central do esquema de corrupção que teria desviado ao menos R$ 224 milhões em contratos com empreiteiras. O escândalo revelava uma rotina de luxo e levantou a suspeita de lavagem de dinheiro por meio da compra de joias. Ela e Sérgio Cabral, seu ex-marido, foram indiciados pela Polícia Federal no inquérito da Operação Calicute, em que é acusada de lavagem de dinheiro e organização criminosa.

Segundo o advogado, Adriana responde a sete processos na Justiça. Entre eles, os das operações Calicute e Eficiência — que ainda aguardam julgamento. Ao todo, se condenada, ela pode pegar mais de 40 anos de prisão. Hoje, Adriana aguarda julgamento em liberdade, sem uso de tornozeleira eletrônica, impedida pela Justiça apenas de sair do país.

Cláudia Cruz

A jornalista Cláudia Cruz, mulher do ex-deputado Eduardo Cunha, foi investigada na operação Lava-Jato por suspeita de ter participado do crime de corrupção praticado por seu marido. No decorrer das investigações, a Polícia Federal teve acesso a mensagens trocadas por Cláudia nas quais ela revelava aos seus interlocutores gastos milionários com artigos de luxo, inclusive joias.

Nessas conversas, Cláudia enviou fotos que foram usadas como provas para incriminá-la. Algumas imagens mostravam anéis de ouro e pedras preciosas. Também havia registros de sapatos Louboutin, bolsas Louis Vitton e Gucci, além de perfumes Chanel.

Cláudia chegou a ser condenada por evasão de divisas, mas absolvida da acusação de lavagem de dinheiro no Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4). A sentença proferida em julho de 2018 e estabeleceu pena de dois anos e seis meses de prisão por manutenção de valores no exterior.

A ré recorreu da decisão ao Supremo Tribunal Federal (STF), pedindo o trancamento da ação penal em que foi condenada por evasão de divisas. Mas o ministro Edson Fachin negou o recurso. Como a pena era menor que quatro anos, Cláudia não cumpriu pena em regime fechado.

Ex-ministro Henrique Alves

Ex-ministro do Turismo nos governos Dilma Rousseff e Michel Temer, Henrique Alves foi preso preventivamente em 2017 pela PF na Operação Manus, por suspeita de receber R$ 7,1 milhões em propina, e virou réu no ano seguinte por lavagem de dinheiro.

Enquanto ele estava preso preventivamente, a PF suspeitava, com base em denúncia feita pelo MPF, que Alves teria comprado joias para lavar dinheiro oriundo de propinas pagas por empreiteiras.

Um dos indícios apresentados pela PF foi uma nota fiscal emitida pela joalheria H.Stern no valor de R$ 15.400 em nome de Laurita Silveira Dias de Arruda Câmara, mulher de Alves. Para a PF, a forma de pagamento que constava na nota ("crediário" e "outros") era "incomum".

Ex-ministro Ibrahim Abi-Ackel

Na década de 1980, durante a ditadura militar, o então ministro da Justiça Ibrahim Abi-Ackel teve o nome envolvido em um escândalo de contrabando. O caso teve início quando a alfândega dos Estados Unidos apreendeu um carregamento de pedras preciosas avaliadas em US$ 10 milhões.

O portador dos itens era o americano Mark Lewis, que na época morava em Goiânia. Sem conseguir documentar ser dono do material encontrado, ele afirmou ter recebido a carga do goiano Antonio Carlos Calvares, dono da empresa Embraima (Empresa Brasileira de Mineração, Importação e Exportação) e amigo do ex-ministro.

A proximidade de Abi-Ackel e Calvares foi apontada pelo advogado americano Charles Haynes, que indicou o político como um dos envolvidos no crime. Apesar disso, o ex-ministro foi inocentado.

João Claudio Genu, ex-assessor do PP

Em maio de 2016, o então juiz Sérgio Moro determinou a apreensão de mais de R$ 126 mil em joias compradas pela mulher de João Cláudio Genu, ex-assessor do PP, preso preventivamente na 29ª fase da Operação Lava-Jato na mesma semana. Em dezembro do mesmo ano, Genu foi condenado a oito anos e oito meses de prisão por corrupção passiva e associação criminosa.

Entre 2013 e 2014, Cláudia Gontijo Resende Genu adquiriu cerca de R$ 200 mil em joias numa joalheria no Lago Sul de Brasília, várias delas pagas em dinheiro, como aneis, colares, brincos e gargantilhas. Para o Ministério Público Federal, as compras poderiam configurar lavagem de dinheiro de propinas recebidas do esquema da Petrobras.