Retorno de rodas de samba e eventos na rua geram emprego e renda para trabalhadores

Uma das características do Rio de Janeiro é a agitação cultural nas ruas, principalmente de forma gratuita. Rodas de samba, feiras e bailes colaboram com a geração de empregos e renda extra para quem precisa pagar as contas, além de garantir entretenimento para a população e difundir a cultura local.

Realizado hĂĄ dez anos, o Baile Black Bom nasceu na Pedra do Sal, na Zona PortuĂĄria do Rio e, desde os primeiros eventos, promove nĂŁo somente danças e manutenção da cultura black, mas ajuda os afroempreendedores, que podem expor seus produtos. Agora, o baile acontece uma vez por mĂȘs na Praça MauĂĄ e continua com os mesmos princĂ­pios.

— Nossa ideia nĂŁo Ă© vender bebidas, mas Ă© difundir a cultura e fortalecer os afroempreendedores. Fomos os pioneiros na inclusĂŁo deles como pilar dos bailes. Um modelo de negĂłcio que hoje Ă© aplicado em rodas de samba — conta Sami Brasil, produtora e vocalista da banda ConsciĂȘncia Tranquila, que comanda o baile.

Em 2021, segundo a Junta Comercial do Estado do Rio de Janeiro (Jucerja), 72.894 empresas culturais foram registradas no territĂłrio fluminense, um recorde em mais de 200 anos de existĂȘncia do ĂłrgĂŁo, que Ă© ligado Ă  Secretaria estadual Desenvolvimento EconĂŽmico, Energia e RelaçÔes Internacionais.

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Renata Morais, fundadora da Crespinhos S.A., que vende roupas e acessórios infantis, foi uma das primeiras a participar do impulsionamento do Instituto Black Bom, organização atrelada ao Baile Black Bom. Para ela, a chance de expor seu trabalho ajudou nas vendas e no crescimento da empresa:

— Hoje, nossa demanda Ă© alta. EntĂŁo, a gente nĂŁo consegue estar tanto nas ruas e realizar os atendimentos de forma virtual. Mas o pontapĂ© inicial foi no baile, inclusive para ver minha marca como empresa. Esses eventos sĂŁo fundamentais, porque conseguimos colocar nosso produto na rua e ver o que o outro estĂĄ produzindo, alĂ©m do contato direto com o cliente.

A roda de samba Quintal da Magia, na Penha, na Zona Norte da cidade, mobiliza cerca de 80 pessoas a cada evento quinzenal. Equipes de som, bar, segurança e gastronomia fazem parte da estrutura. Jorge Alexandre, produtor e mĂșsico, conta que os moradores sĂŁo os maiores beneficiados.

— O samba Ă© popular e precisa ser acessĂ­vel. Quando a gente faz a roda, muitas pessoas ganham com isso, principalmente quem mora no bairro — afirma.

Eduardo Familião, produtor da roda de samba Balaio Bom, que acontece na Praça Tirandentes, no Centro do Rio, explica como o evento gera impacto na vida financeira dos trabalhadores.

— O governo precisa ficar atento, porque Ă© um movimento cultural importante, que tem crescido e saĂ­do da zona central (da cidade). Estamos em um momento delicado. O dinheiro nĂŁo chega a todos. E quem precisa consegue um dinheiro extra trabalhando na roda. O que a gente proporciona alĂ©m do samba Ă© a chance de mostrar que (o evento) tem se tornado uma cadeia produtiva, gerando movimentação — conclui o advogado e produtor.