'Peço a Deus que abençoe, pois destruiu a família', diz filho de diarista carbonizada
A prisão de um dos suspeitos pela morte da aposentada Martha Maria Lopes Pontes, de 77 anos, e de sua diarista, Alice Fernandes da Silva, de 51, foi bem recebida pela família da funcionária da idosa. O crime aconteceu na tarde da última quinta-feira, em um prédio de luxo no Flamengo, na Zona Sul do Rio, onde Martha morava e Alice trabalhava. Filho da diarista, o bombeiro hidráulico Diogo Felixberto Fernades da Silva, de 27 anos, afirmou ao GLOBO que ver Jhonatan Correia Damasceno atrás das grades traz a sensação de que "a Justiça está sendo feita".
— As respostas estão vindo, ainda bem. Não traz a minha mãe de volta, mas ameniza um pouco a dor que a gente está sentindo. Agora, só peço a Deus que o abençoe, porque ele destruiu uma família. Não queremos vingança, apenas justiça. Esperamos que o segundo envolvido também seja preso logo, para que possamos ficar mais tranquilos. Agradeço ao trabalho da Polícia Civil e também da imprensa — disse Diogo.
O segundo suspeito pelo crime foi identificado como Willian Oliveira Fonseca, que já teve a prisão decretada e é considerado foragido. Jhonatan foi preso nesta sexta-feira, em Acari, na Zona Norte do Rio, em uma ação conjunta da Delegacia de Homicídios da Capital (DHC), responsável pelas investigações, e da Coordenadoria de Recursos Especiais (Core). A polícia acredita que Willian está escondido na mesma comunidade.
Segundo a investigação, tanto Jhonatan quanto o pai dele já haviam prestado outros serviços para Martha Maria, bem como em outros apartamentos do prédio, conhecendo bem os moradores. Na tarde do crime, ele e Willian Oliveira Fonseca interfonaram para a residência da idosa, e tiveram a subida liberada por ela. No local, ainda de acordo com a Delegacia de Homicídios da Capital (DHC), responsável pelo inquérito, a dupla fez a patroa e a diarista reféns.
Jhonatan, então, deixou o imóvel e seguiu para um banco próximo, enquanto Willian mantinha as mulheres em cárcere. Na agência, o suspeito fez três saques de R$ 5 mil em nome de Martha Maria, devidamente autorizados por ela, que permanecia rendida, em casa. Ao retornar, a dupla teria decidido executar as duas vítimas.
O suspeito preso não tinha passagens pela polícia, mas, segundo a DHC, Willian possui extensa ficha criminal. Nas imagens que mostram a dupla no condomínio e que foram obtidas com exclusividade pelo GLOBO, eles aparecem às 13h34 de máscaras, bonés e mochilas, e carregam uma sacola plástica.
Até o momento, oito testemunhas já foram ouvidas pela especializada, como parentes, o zelador do edifício e funcionários da agência bancária na qual Jhonatan esteve. Os depoimentos revelaram, por exemplo, que Jhonatan e Willian prestaram um serviço para a idosa recentemente, mas que houve um desentendimento relativo a pagamento. A dupla, então, retornou algumas vezes à casa da aposentada, inclusive fazendo ameaças.
Os cadáveres das duas mulheres foram localizados por volta de 17h da última quinta-feira, por homens dos quartéis do Catete e do Humaitá do Corpo de Bombeiros. Eles foram acionados devido a um incêndio no apartamento onde estavam as vítimas.
Segundo o Instituto Médico-Legal (IML), a causa da morte de ambas foi esgorjamento — lesão profunda que atingiu a garganta das vítimas e que foi provocada por ação corto-contundente. De acordo como peritos, o mais provável é que uma faca tenha sido usada para cometer o crime. A arma, porém, ainda não foi localizada.