São Paulo bate recorde de feminicídios em 2022
Assassinatos de mulheres por questões de gênero aumentaram 40% em comparação com 2021
- Em 2022, Estado de São Paulo teve recorde de casos de feminicídios, com 195 assassinatos de mulheres por condições de gênero;
- Série histórica começa em 2015, quando a legislação passou a tipificar esse tipo de crime;
- Desde a implementação da lei, 1.060 foram vítimas de feminicídio nas cidades paulistas.
Somente no Estado de São Paulo, 195 mulheres foram vítimas de feminicídio em 2022. Esse é o maior número desde 2015, quando o crime foi tipificado no Brasil.
Desde a implementação da lei, 1.060 foram vítimas de feminicídio nas cidades paulistas. O levantamento foi feito pelo jornal Estadão com base no painel da transparência da Secretaria de Segurança Pública do Estado (SSP).
Anteriormente, a maior marca havia sido registrada em 2019, quando houve 184 vítimas de feminicídio no território paulista.
O número de 2022 representa um aumento de 40% em relação ao ano anterior, quando foram registrados 140 casos.
O crime de feminicídio ocorre quando a vítima é morta por questões relativas à condição de gênero. São considerados nessa categoria os crimes que tem como causa o menosprezo ou discriminação à condição de mulher, incluindo nesta visão os casos de violência doméstica e familiar. A lei também se estende a mulheres transexuais.
A lei existe desde 2015 como uma alteração do artigo 121 do Código Penal.
Mortas dentro de casa
Os dados da SSP apontam que donas de casa representam o maior número de vítimas de feminicídio desde 2015, com 107 das 588 ocorrências das quais é possível verificar a profissão.
As mulheres vitimadas também morrem mais dentro de casa. Dos 1.060 casos de feminicídio registrados no Estado, 703 eram de pessoas que estavam na própria residência.
No Brasil, 4 feminicídios por dia
O aumento de assassinato de mulheres em São Paulo acompanha a contagem nacional. De acordo com o Fórum da Segurança Pública (FSB), somente no primeiro semestre de 2022, 699 pessoas foram vítimas de feminicídio no país, o equivalente a média de quatro mortes por dia. No mesmo período de 2021, houve 677 casos.
Orçamento reduzido
Ainda de acordo com apuração do Estadão, em 2022, o orçamento federal para políticas de enfrentamento da violência de gênero atingiu o menor valor dos últimos quatro anos. Levantamento do Instituto de Estudos Socioeconômicos (Inesc) aponta que apenas R$5,1 milhões foram destinados ao assunto. Em 2021, foram direcionados R$ 8,9 milhões, valor já consideravelmente reduzido em comparação com os anos anteriores, (R$ 28,3 milhões em 2020 e R$ 13,2 milhões em 2019).