Secretaria municipal de Conservação encomenda relatório sobre qualidade de asfalto das pistas do Aterro
Um relatório encomendado pela Secretaria municipal de Conservação, que deverá ficar pronto nos próximos meses, dirá se a Prefeitura do Rio deve ou não refazer uma nova obra nas pistas do Aterro do Flamengo, via que liga bairros da Zona Sul do Rio aos da Região Central e Norte da cidade. A informação foi dada ao EXTRA, na manhã desta segunda-feira, dia 4, pela secretária da pasta, a economista Anna Laura Valente Secco.
Em 2019, ainda na gestão de Marcelo Crivella (Republicanos), o governo municipal gastou R$ 100 milhões no Pavimenta Rio, programa de recuperação de vias públicas da cidade. No entanto, na avaliação de especialistas, a antiga gestão pode ter falhado na composição da massa asfáltica utilizada na via.
— (A situação do Aterro do Flamengo) está sendo revista pelo corpo técnico da Conservação. Inclusive, com um laboratório contratado para apresentar uma solução para aquele problema — informou Anna Laura.
Ainda de acordo com a gestora, a Prefeitura “espera que não seja preciso” ter que refazer o recapeamento da estrada.
— Eles darão uma solução técnica que visa a devolver a segurança para os carros que trafegam por ali. Acreditamos, e esperamos, que não seja necessário refazer a obra — completou a economista.
A secretária não informou qual é o laboratório que está fazendo a análise e nem quanto a pasta irá gastar com a consultoria.
Anunciado por Crivella como um dos mais importantes projetos de sua administração, o programa Pavimenta Rio, para recuperar 150 quilômetros de vias da cidade ao custo de R$ 400 milhões, derrapou logo em seu primeiro teste. Em novembro de 2019, um mês após a aplicação de um microrrevestimento sobre as pistas do Aterro, que deixou o asfalto escorregadio, segundo motoristas, o município determinou que fossem feitos uma análise sobre a qualidade do serviço e reparos no trecho onde ocorreu uma série de acidentes.
Naquele mesmo mês, o Tribunal de Contas do Município (TCM) solicitou ao Laboratório de Geotécnica e Pavimentos da Coppe/UFRJ uma perícia do material aplicado na pista. Segundo o laudo final, ficou comprovado que a Prefeitura do Rio utilizou material inadequado no recapeamento das pistas do Aterro. De acordo com o documento, que ficou pronto quase um ano depois, a aplicação do selante asfáltico foi o responsável por um aumento no número de acidentes, principalmente em dias chuvosos, causando um prejuízo de R$ 154 mil aos cofres públicos.
No ano passado, o TCM pediu a troca do material e decidiu apurar a responsabilidade do dano.
Procurada, ainda em novembro, a então Secretaria de Infraestrutura informou que o produto “utilizado no Aterro é uma mistura de selante com material granular e polímeros, que serve para impedir a infiltração de água no pavimento, aumentado a vida útil da pista em até oito anos”.
Questionada sobre a situação das ruas da cidade, que estão cheias de buracos e ondulações, causando transtornos a motoristas e motociclistas, Anna Laura afirma que “a qualidade do asfalto” é um dos problemas e um dos principais gargalos a serem sanados por sua gestão.
— Existem muitas ruas pela cidade que estão com esse problema. Neste final de semana tivemos a primeira experiência com a chuva, e todos os buracos reabriram com o temporal. Os buracos são um problema grande que temos. A qualidade do asfalto também. Arrisco a dizer que nesses últimos anos a qualidade não estava tão boa. Mas voltaremos com a melhoria. A partir de agora, a produção do asfalto será nas quatro usinas que temos e é de excelente qualidade — informou.