‘Sem anistia’: Como clamor de apoiadores de Lula pode colocar Bolsonaro na cadeia
Público grita "sem anistia" durante discurso de Lula no parlatório do Palácio do Planalto;
Clamor começou depois que o petista criticou o governo de Jair Bolsonaro;
Apoiadores do presidente querem que o antecessor responda na Justiça por eventuais crimes.
O discurso do presidente Lula (PT) no parlatório do Palácio do Planalto rendeu gritos de “sem anistia” por parte do público que acompanhava sua posse ontem, em 1º de janeiro. O clamor começou depois do petista tecer críticas ao governo anterior, de Jair Bolsonaro (PL).
Na ocasião, Lula disse que o povo brasileiro pagava a conta pelo “apagão” gerado pela falta de recursos para a compra de merenda escolar, nas universidades e para a Defesa Civil, responsável por prevenir acidentes e desastres.
“O que o povo brasileiro sofreu nestes últimos anos foi a lenta e progressiva construção de um genocídio. Vivemos um dos piores períodos da nossa história. Uma era de sombras, de incertezas e de muito sofrimento. Mas esse pesadelo chegou ao fim”, declarou.
O que o público quer dizer com ‘sem anistia’?
Anistia é um perdão concedido de forma oficial pelo Congresso Nacional, por meio de uma lei federal. Ela apaga a pena de alguém e suas consequências.
Como ex-presidente, Bolsonaro perde o foro e pode ser julgado como cidadão comum. Caso receba anistia, não responde na Justiça por eventuais suspeitas de crimes.
A anistia a Bolsonaro é defendida por alguns políticos, como o ex-presidente Michel Temer (MDB) e o ex-ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Marco Aurélio Mello, sob o argumento de “pacificar o Brasil”. Especialistas, no entanto, acreditam que há poucas chances da medida ser tomada.
Quais crimes são atribuídos a Bolsonaro?
O ex-presidente é alvo de:
Inquérito das “milícias digitais”, organização criminosa supostamente criada para ameaçar a democracia;
CPI da Covid, por charlatanismo, prevaricação, emprego irregular de verba pública, epidemia com resultado de morte e infração de medida sanitária preventiva;
Investigação por supostamente interferir na Polícia Federal ao trocar a chefia da instituição para proteger os filhos;
Investigação por vazar informações de uma investigação sigilosa da PF sobre suposto ataque hacker ao TSE (Tribunal Superior Eleitoral) e divulgar notícias falsas sobre o processo eleitoral.