Senadores aprovam texto-base de projeto que cria teto do ICMS
O Senado aprovou o texto-base da proposta que limita a cobrança de ICMS sobre combustĂveis, energia, telecomunicaçÔes e transporte coletivo a 17%, com mecanismo de compensação de parte da redução da arrecadação aos estados. Foram 65 votos favorĂĄveis e 12 contrĂĄrios ao texto.
Os parlamentares ainda votam na noite de hoje os destaques, emendas que podem alterar o texto. Mas, como jå houve modificaçÔes na proposta aprovada na Cùmara, feitas pelo relator, o senador Fernando Bezerra (MDB-PE), o projeto voltarå aos deputados após encerrada a discussão.
A redução do preço dos combustĂveis Ă© uma obsessĂŁo do governo, que foi abraçada pelo Congresso, em ano eleitoral. O presidente Jair Bolsonaro, que tenta a reeleição, Ă© crĂtico contumaz das altas dos combustĂveis, que alimentam a inflação e afetam sua popularidade. A aprovação no Senado com ampla margem Ă© uma vitĂłria do governo.
Havia um consenso entre os senadores de que era necessĂĄrio aprovar alguma medida que pudesse trazer alĂvio para os consumidores, mas houve muita discussĂŁo sobre como sistematizar as compensaçÔes para estados, municĂpios e fundos, como o Fundeb, de educação bĂĄsica.
Além disso, uma proposta dos estados para a conciliação do Supremo Tribunal Federal (STF) embolou a votação, jå que alguns parlamentares pediram o adiamento da votação para aguardar a resolução dessa questão.
O relator do texto, o senador Fernando Bezerra Coelho (MDB-PE), jå tinha alterado o texto em relação à proposta aprovada na Cùmara. Ele acatou mais mudanças sugeridas pelos demais senadores.
Uma emenda acatada foi a de JosĂ© Serra (PSDB-SP), que aperfeiçoa o sistema de gatilho para a compensação dos estados. Bezerra jĂĄ havia feito uma mudança, que acatava um pedido dos estados: a perda de arrecadação a ser mensurada deixava de ser a total e passava a mensurar apenas a diferença de arrecadação sobre esses produtos. Serra sugeriu que seja considerada a inflação do perĂodo para o cĂĄlculo:
â O Senador JosĂ© Serra pede que seja considerada tambĂ©m a inflação do perĂodo, para que a gente nĂŁo possa estar calculando o tamanho dessa redução, do disparo do gatilho, sem considerar o IPCA do perĂodo. E sabem por quĂȘ? Porque os secretĂĄrios estĂŁo fazendo conta e sabem que, mesmo a gente tendo acatado a proposta deles, tendo em vista o excepcional desempenho da receita, Ă© possĂvel que o gatilho nĂŁo seja disparado, mesmo considerando sĂł a base dos produtos que estĂŁo tendo as suas alĂquotas reduzidas â declarou.
â Eu vou fazer isso, eu vou incorporar. Eu disse ao governo, disse ao presidente da CĂąmara que eu quero, aqui, como Casa da Federação, dar todas as garantias de que, se houver, de fato, um crescimento, uma redução de receita desproporcional, que a gente possa, de fato, assegurar as condiçÔes para que os estados e os municĂpios brasileiros possam cumprir com as suas obrigaçÔes.
O mecanismo de compensação a estados valerĂĄ por seis meses. AlĂ©m de permitir o abatimento das dĂvidas de estados com a UniĂŁo, a eventual diferença entre a perda de arrecadação desses produtos, respeitado o gatilho, poderĂĄ ser usado para pagar dĂvidas com outros credores, desde que autorizado pelo governo.
Bezerra tambĂ©m acatou mudanças para garantir que seja mantida a proporção atual de repasses para a compensação do Fundeb e piso de saĂșde. Nesse caso, a nova redação deixa claro que os recursos de compensação devem ser repassados Ă saĂșde e educação nos mesmos percentuais previstos para a arrecadação de ICMS.
O senador também acatou mudanças que beneficiam refinarias. Ele zerou tributos federais sobre gås de cozinha, gås natural, diesel e compras de petróleo nacional ou importado por essas refinarias.
TambĂ©m havia sido incluĂdo um dispositivo que zera os tributos federais que incidem sobre a gasolina atĂ© o final de 2022. O senador recuou de uma mudança que havia proposto e diminui o prazo de isenção de tributos federais que incidem sobre o etanol e o ĂĄlcool adicionado Ă gasolina. Inicialmente, ele tinha considerado o prazo atĂ© 2027, para nĂŁo prejudicar a competitividade do produto, mas voltou atrĂĄs e deixarĂĄ a isenção atĂ© 2022.