Site oficial do governo passa a tratar impeachment de Dilma como 'golpe'
Site institucional usa termo "golpe" para se referir a afastamento da ex-presidente Dilma Rousseff, em 2016
Em comunicado sobre recriação de Conselho da EBC, governo usa termo "golpe" para se referir a impeachment sofrido por Dilma Rousseff (PT);
Partido já defendia a teoria de que a ex-mandatária foi alvo de uma "farsa" no processo que a acusava de fazer pedaladas fiscais;
Dilma foi destituída do cargo em 2016, após suposto crime de responsabilidade fiscal.
Desde o início do processo de afastamento da ex-presidente Dilma Rousseff (PT), o Partido dos Trabalhadores tem defendido a narrativa de que a ex-mandatária foi, na realidade, alvo de um golpe.
Nesta semana, essa versão foi institucionalizada no governo Lula (PT). O texto que anuncia a nova gestão do Conselho Curador da EBC aponta que o colegiado foi "cassado após o golpe de 2016".
Quando assumiu a presidência, após o impeachment de Dilma, Michel Temer (MDB) extinguiu o Conselho. Agora, o ministro da Secretaria de Comunicação Social da Presidência (Secom), Paulo Pimenta, indicou nomes para recriar o colegiado.
Pimenta, diz o texto, "indicou também para processo de transição na EBC outras quatro mulheres, que assumirão cargos de assessoria ou gerências: Rita Freire, presidente do Conselho Curador da EBC cassado após o golpe de 2016; Juliana Cézar Nunes, empregada concursada da empresa; e as jornalistas Nicole Briones e Flávia Filipini".
Em outro trecho, a EBC volta a destacar o “golpe” na apresentação do currículo da nova presidente do órgão, Kariane Costa Silva Oliveira.
“Concursada da EBC desde 2012, foi jornalista da Ouvidoria, repórter do radiojornalismo, sendo setorista do Palácio do Planalto e do Congresso Nacional. Ao longo da trajetória na EBC, fez entrevistas exclusivas com ministros e outras autoridades políticas. Participou de coberturas de momentos marcantes do país, como as Eleições de 2014, 2016 e 2018; o golpe contra Dilma Rousseff; julgamentos no Supremo Tribunal Federal e diversas manifestações populares”, diz a publicação.
A informação foi publicada primeiro pelo blog de Lauro Jardim, do Jornal O Globo.
Em 2016, Dilma foi afastada e, posteriormente, destituída do cargo após ser acusada de crime de responsabilidade fiscal nas chamadas "pedaladas fiscais".
O PT alega que a acusação é uma "farsa" para tirar Dilma e o projeto de governo da sigla.
Em publicação de 2020, no site oficial do Partido dos Trabalhadores, a agremiação classifica o processo sofrido pela ex-presidente como o "capítulo mais vergonhoso e degradante da trajetória republicana".
"A farsa do impeachment, o capítulo mais vergonhoso e degradante da trajetória republicana, foi baseado nas chamadas “pedaladas fiscais”. Acusada de praticar manobras contábeis, procedimento rotineiro nas administrações de vários presidentes que a precederam, Dilma foi julgada e afastada sem que pesasse sobre ela qualquer suspeita de enriquecimento ilícito ou de corrupção", aponta o PT.