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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que deveria se encontrar com Xi Jinping na China na terça-feira, adiou indefinidamente a viagem devido a uma pneumonia leve, informou a Secretaria de Comunicação do Palácio do Planalto neste sábado (25)."Em função de orientação médica", Lula, de 77 anos, "resolveu adiar sua viagem à China. O adiamento já foi comunicado para as autoridades chinesas", informou a Secretaria de Comunicação Social da Presidência em um comunicado.No poder desde janeiro, Lula pretende com a viagem à China recuperar o peso do Brasil na geopolítica mundial, após o isolacionismo provocado por seu antecessor, Jair Bolsonaro (PL).O diagnóstico é de uma "broncopneumonia bacteriana e viral por influenza A", explicou Ana Helena Germoglio, coordenadora-geral da equipe de Saúde da Presidência da República, citada no comunicado.Lula esteve na quinta-feira ao hospital Sírio Libanês de Brasília com sintomas gripais, após uma semana intensa de trabalho com compromissos em quatro estados.Na sexta-feira, o presidente, que inicialmente devia viajar neste sábado para a China, permaneceu no Palácio da Alvorada e se reuniu com ministros e lideranças do Congresso. Seu quadro de saúde era estável e ele estava sendo medicado, mas após uma nova avaliação médica neste sábado, ele decidiu suspender indefinidamente a viagem."Apesar da melhora clínica, o serviço médico da Presidência da República recomenda o adiamento da viagem para a China até que se encerre o ciclo de transmissão viral", informou a médica do presidente.Outro médico que o examinou, Roberto Kalil, disse ao jornal Folha de S. Paulo, que "o presidente está evoluindo bem" e poderia voltar a trabalhar na semana que vem, embora precise esperar pelo menos dez dias para viajar à China.O governo ainda não informou uma nova data para a visita.O assessor para Assuntos Internacionais da Presidência, Celso Amorim, que foi ministro das Relações Exteriores nos dois primeiros governos de Lula (2003-2010), disse ao jornal O Globo que o interesse pela visita não mudou e que o Brasil que reagendá-la tão logo seja possível.- Negócios e Ucrânia -Lula devia chegar à China à frente de uma numerosa comitiva de pelo menos seis ministros, governadores, senadores e deputados, além de mais de 200 diretores de empresas, em boa parte do setor agropecuário.Sua agenda oficial devia começar na terça, quando tinha previsto um encontro com o presidente chinês, Xi Jinping. Lula devia propor ao contraparte sua proposta de criar um grupo de países mediadores na guerra da Ucrânia.Segundo a imprensa, mesmo sem Lula, os empresários devem manter sua agenda na China, onde será celebrado um seminário de negócios no próximo dia 29.A China é o principal parceiro comercial do Brasil. No ano passado, o intercâmbio comercial entre os dois países superou a cifra de 150 bilhões de dólares (quase 800 bilhões de reais, na cotação atual).Mas os empresários brasileiros continuam enfrentando dificuldades para introduzir no mercado chinês bens de maior valor agregado e procuram novos investimentos.Lula visitou Pequim três vezes em seus dois governos anteriores. Esta nova visita, três meses após voltar ao poder, devia ressaltar seu interesse na diplomacia depois de ter viajado anteriormente a outras capitais prioritárias para o Brasil, como Buenos Aires e Washington.A saúde do presidente tem sido motivo de preocupação nos últimos anos. Em novembro, foi submetido a um procedimento para a remoção de uma lesão na laringe.Lula, que costuma apresentar problemas na voz, foi diagnosticado com câncer na laringe em 2011 e teve um tumor retirado. Desde então, os resultados médicos mostraram remissão completa do câncer.rsr/dga/rpr/mvv