STF forma maioria para condenar deputado bolsonarista Daniel Silveira

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*ARQUIVO* BRASÍLIA, DF, 29.04.2020 - O deputado federa Daniel Silveira (PSL-RJ) durante cerimônia de posse do novo ministro da Justiça, André Mendonça, no Palácio do Planalto, em Brasília (DF). (Foto: Pedro Ladeira/Folhapress)
*ARQUIVO* BRASÍLIA, DF, 29.04.2020 - O deputado federa Daniel Silveira (PSL-RJ) durante cerimĂŽnia de posse do novo ministro da Justiça, AndrĂ© Mendonça, no PalĂĄcio do Planalto, em BrasĂ­lia (DF). (Foto: Pedro Ladeira/Folhapress)

BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) - O STF (Supremo Tribunal Federal) formou maioria para condenar o deputado federal bolsonarista Daniel Silveira (PTB-RJ) por ataques feitos a integrantes da corte.

Os ministros Roberto Barroso, Dias Toffoli, Rosa Weber e Edson Fachin acompanharam o relator, Alexandre de Moraes, para que ele seja condenado a 8 anos e 9 meses de prisão. Além da imposição de pena, também votaram para cassar o mandato, suspender os direitos políticos e determinar o pagamento de multa de cerca de R$ 192 mil.

Indicado pelo presidente Jair Bolsonaro (PL), o ministro André Mendonça também votou para condenar o parlamentar, mas com pena menor: 2 anos e 4 meses a serem cumpridos em regime inicialmente aberto. Além disso, afirmou que a perda de mandato depende do Congresso e que não poderia ser imposta pelo Supremo.

Outro nomeado pelo atual chefe do Executivo, Kassio Nunes Marques divergiu e defendeu que a corte nĂŁo deveria condenar Silveira.

Ainda faltam os votos dos ministros Gilmar Mendes, Dias Toffoli, Ricardo Lewandowski e Luiz Fux.

Assim, jå hå maioria para que prevaleça a posição de Moraes. Ele leu um voto contundente contra o deputado e foi seguido pelos demais ao defender que a corte não deveria levar em consideração a alegação da defesa de que as declaraçÔes ocorreram em momento de raiva e desabafo.

"Seja porque no momento da prisão em flagrante repetiu as ameaças, seja porque durante interrogatório repetiu e confirmou o que fez, seja porque hoje, inclusive, no plenårio da Cùmara repetiu ameaças e ofensas à Corte Suprema do país", afirmou Moraes.

Segundo o magistrado, a liberdade de expressão prevista na Constituição não pode ser usada como "escudo protetivo para discurso de ódio e contra a democracia".

As condutas do parlamentar, segundo o ministro, se enquadram nos artigos do CĂłdigo Penal que preveem os crimes de coação no curso do processo (uso de violĂȘncia ou de ameaça para obter vantagem em processo judicial) e de incitação Ă  tentativa de impedir o livre exercĂ­cio dos Poderes.

De acordo com o ministro, Silveira utilizou o instrumento da imunidade parlamentar para prĂĄtica de inĂșmeros crimes.

"Chegou a usar o próprio Parlamento como esconderijo no intuito de descumprir novamente medida judicial. Veio fugido de carro". "Desprezo total do réu pela Justiça. Ou seja, sua culpabilidade é extremamente acentuada", afirmou.

O ministro fez crĂ­ticas a Silveira. "Lembro atĂ© frase de Albert Einstein: ‘duas coisas sĂŁo infinitas: o universo e a estupidez humana. Mas, em relação ao universo, ainda nĂŁo tenho certeza absoluta’", disse.

Ele também afirmou que hå nas declaraçÔes do parlamentar uma analogia com crimes cometidos no Leste Europeu.

"No prĂłprio interrogatĂłrio ele faz paralelo disso a algo que aconteceu na UcrĂąnia que, em determinados momentos de revoltas, o povo retirava agentes pĂșblicos das repartiçÔes, surrava, matava e jogava em lixeiras. Aqui nĂŁo tem nada de jocoso", disse.

Na sequĂȘncia votou o ministro Kassio Nunes Marques, que discordou de Moraes para absolver Silveira. Apesar de criticar as declaraçÔes do parlamentar com ataques e ameaças a integrantes do STF, Kassio entendeu que nĂŁo houve cometimento de crime.

Para o magistrado, não se pode dar credibilidade a expressÔes citadas pela PGR, tais como "jogar ministro dentro da lixeira" e "retirar ministro na base da porrada".

"Nada mais sĂŁo que ilaçÔes, conjecturas inverossĂ­meis, sem eficiĂȘncia e credibilidade incapazes, portanto, de intimidar quem quer que seja, nĂŁo passando de bravatas", entendeu Kassio.

A vice-procuradora-geral da RepĂșblica, LindĂŽra AraĂșjo, foi a responsĂĄvel por falar pela Procuradoria. Ela Ă© a nĂșmero 2 do procurador-geral, Augusto Aras, que costuma se alinhar Ă s pautas do presidente Jair Bolsonaro (PL) e nĂŁo esteve presente no julgamento.

"A Constituição deslegitima as condutas e discursos que, apostando na violĂȘncia e na grave ameaça, substituem o mĂ©todo democrĂĄtico", afirmou AraĂșjo. Ela classificou como "intolerĂĄvel" e "inconcebĂ­vel" as condutas do parlamentar.

A procuradora leu afirmaçÔes de Silveira que o levaram a ser denunciado e chegou a rir do trecho em que o parlamentar usou apelidos para se referir ao ministro Alexandre de Moraes, que Ă© o relator do caso e um dos principais alvos da militĂąncia bolsonarista no STF. O magistrado tambĂ©m fez expressĂŁo de ironia apĂłs o relator de AraĂșjo.

"É inconcebĂ­vel num Estado DemocrĂĄtico de Direito que alguĂ©m instigue que, nos dizeres do rĂ©u: ‘o povo entre dentro do STF, agarre o Alexandre de Moraes pelo colarinho dele e sacuda a cabeça de ovo dele e o jogue dentro de uma lixeira’", afirmou.

A defesa de Silveira afirmou, na tarde desta quarta, que o parlamentar Ă© vĂ­tima de um julgamento polĂ­tico.

"[Silveira] Não está sendo julgado juridicamente", afirmou o advogado Paulo Faria. "É impressionante como o sistema acusatório foi aviltado. Foi instalado um verdadeiro sistema inquisitório no processamento dessa ação penal."

O criminalista defendeu o instituto da imunidade parlamentar e o direito de seu cliente a um julgamento por "um julgador imparcial".

Faria disse estranhar o fato de as vítimas serem os próprios julgadores de quem supostamente cometeu o crime. "Essa violação, no meu entendimento, ao sistema acusatório, é a premissa maior desse julgamento", disse.

Disse que as declaraçÔes de seu cliente foram "crĂ­ticas" a integrantes do Supremo e que a competĂȘncia para avaliar eventuais excessos seria da CĂąmara. "Os poderes devem se respeitar mutuamente, mas com essa ação penal isso foi jogado ao vento", afirmou.

Para o advogado, a fala do deputado sobre convocar as Forças Armadas contra o Supremo foi mal interpretada. Segundo o criminalista, Silveira não fez convocação, mas uma pergunta a seus seguidores sobre o que achavam do tema.

Faria disse que seu cliente estĂĄ sendo impedido de exercer plenamente seu mandato, impedido, em razĂŁo de medidas cautelares impostas pelo ministro Moraes, de conversar com seus eleitores, de ir a outros estados. "Isso Ă© cerceamento do seu mandato parlamentar", afirmou.

O criminalista alegou uma série de irregularidades nas investigaçÔes que miram o parlamentar, desde a decretação da prisão de Silveira no início do ano passado, após a divulgação de vídeo em uma rede social com ataques a ministros do Supremo.

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