Suntuosa e sem erros, Viradouro é forte candidata ao título

Livre da pressão da luta pelo bicampeonato, a Viradouro mostrou de novo a força de escola mais sólida da atualidade. O enredo sobre Rosa Maria Egipcíaca desembocou num desfile sem erros e de suntuosidade impressionante, que credencia os sambistas de Niterói a mais um título. Difícil tirar pontos da vermelho e branco e sua sólida estrutura.A ala derradeira, com 30 mulheres negras de várias escolas, foi emocionante.

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A comissão de frente, do premiado casal Priscila Mota e Rodrigo Negri, apresentou, com os costumeiros efeitos, a transformação da escravizada, primeira escritora negra do Brasil, em santa. Em seguida, Julinho e Rute, mestre-sala e porta-bandeira, executaram com perfeição sua dança. A cabeça da escola foi, assim, perfeita.

A abertura, aliás, repetiu a estratégia de 2020 (ano do último título), com alegorias que usavam água como elemento. O público se empolgou diante do luxo inicial, mas durou pouco. A Viradouro fechou a festa sem arrebatamentos, mas o júri do carnaval desconsidera reações externas. Logo, tem toda a chance de ganhar.

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Conheça a letra do samba

'Rosa Maria Egipcíaca'

Autores: Cláudio Mattos, Dan Passos, Marco Moreno, Victor Rangel, Lucas Neves, Deco, Thiago Meiners, El Toro, Luis Anderson e Jefferson Oliveira

Rosa Maria, menina flor

Rainha do espelho mar

Na pele no tambor

Pranto das dores que resistiu

Deságua no imenso Brasil

Sua luz incorporou:

Distante me encontro das origens

Caminho onde o corpo foi prisão

Ouro que deixou as cicatrizes

Esperança foi vertigem

A alma, libertação

É vento na saia da preta courá

Na ginga do acotundá...

É ventania

Sete vozes guiaram minhas visões

Mistérios, alucinações, feitiçaria

Me entrego a escrever a predição

Lágrima nas contas do rosário

Dádiva ao clamor do coração

Palavras de um preto relicário

A voz que cobre o cruzeiro

Reluz sobre nós no fim do calvário

Navega esperança à luz do encantado

Reflete o azul

Senti a alma daqueles, os mais oprimidos

Venci heresia na fé dos divinos

A mais bela rosa aos pés do senhor

Candombes e batuques no cortejo

Eu sou a santa que o povo aclamou

Eis a flor do seu altar, sua fé em cada gesto

O amor em cada olhar dos filhos meu

No cantar da Viradouro, o meu samba é manifesto

Sou rosa maria, imagem de deus

Eis a flor do seu altar, sua fé em cada gesto

O amor em cada olhar dos filhos meus

No cantar da Viradouro, o meu samba é manifesto

Imagem de deus, sou eu

Ficha técnica

Fundação: 24/06/1946

Cores: Vermelha e branca

Presidente: Marcelo Calil Petrus Filho

Carnavalesco: Tarcísio Zanon

Intérprete: Zé Paulo Sierra

Mestre de bateria: Ciça

Rainha de bateria: Erika Januza

Mestre-sala e porta-bandeira: Julinho e Rute