Suspeito de matar grávida em Campos pode ter mudado rotina para criar álibi, diz delegada
Com base no depoimento de um funcionário do Instituto Federal Fluminense (IFF) e na análise das folhas de ponto e de frequência de Diogo Viola Nadai, de 39 anos, preso por suspeita de ser o mandante do assassinato de Letycia Peixoto, grávida de 8 meses, policiais da 134ª DP (Campos dos Goytacazes) concluíram que, na semana do crime, ele adotou uma postura atípica no trabalho. O professor de Química esteve no IFF em horários que não precisava estar, pois não daria aulas nesses momentos.
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De acordo com a delegada Natália Patrão, bandidos tentaram executar Letycia nos dias 28 e 1º de março deste ano. No dia 28:
"Na terça-feira, dia 28, ele entrou às 11h52 da manhã e saiu 21h31 da noite. De acordo com seus horários, ele deveria estar presente para dar aula das 16h10 às 21h20. Então, ele chegou com muita antecedência na universidade de forma injustificada. Não foi justificado na folha de ponto nem para sua chefia imediata o que ele ficou fazendo nesse período que ele não deveria estar presente pois não tinha aula para dar. Na quarta-feira, dia 1º, véspera do crime, de acordo com a folha de ponto, ele entrou às 15h57 e saiu às 19h06 (...). Ele ficou por um período de três horas e oito minutos dentro da universidade sendo que não deveria estar, não era dia de dar aula", disse a policial em vídeos postados no perfil do Instagram da delegacia.
Já no dia do assassinato, a aula começaria às 16h10 e terminaria às 22h40. Nadai, segundo Natália, chegou atrasado, de forma injustificada, às 17h29 e foi embora às 21h32:
"Em oitivas de pessoas que estavam presentes na hora que ele foi embora o relato é de que o suspeito não demonstrou abalo emocional nenhum. Tristeza, choro, nada. Ele mexeu no seu armário, pegou suas coisas e estava apenas apressado para sair".
Os policiais compararam essa rotina de Nadai com a que ele teve durante todo o ano de 2022, marcado por licenças médicas e faltas após a volta ao trabalho presencial, em maio.
"Exatamente na semana do crime o suposto mandante adotou um comportamento completamente atípico e não habitual se comparado com toda a sua frequência, de acordo com o ponto biométrico de 2022. Isso faz inferir que, exatamente na semana do crime, pode ter havido por ele a intenção de estar presente na universidade para criar um álibi para acobertar a sua conduta", afirmou Natália.
Isolado no presídio
Nadai, de 39, está preso e isolado em uma cela de um presídio, em Itaperuna, cidade vizinha ao município onde o crime ocorreu. Segundo a polícia, o professor mantinha um relacionamento com a vítima havia oito anos, apesar e ser casado com outra mulher desde 2010.
O professor foi preso no dia 7 de março, após ter tido a prisão temporária decretada pela Justiça. A existência das duas relações, para a Polícia Civil, foi crucial para que Diogo decidisse assassinar Letycia. Na representação pela prisão temporária do suspeito, a delegada afirmou que com a aproximação do nascimento da filha de Letycia com o professor, “chegou um momento crucial” para que ele decidisse o que fazer".
Nadai nega qualquer envolvimento no crime. No pedido de prisão, a delegada afirma que ele foi o mandante da execução. A decisão foi baseada em depoimentos e no fato de o suspeito ter, no dia do crime, consultado na internet como apagar o histórico do celular. A defesa de Diogo disse já ter entrado na Justiça com um pedido de revogação da prisão, já que ele é primário, tem bons antecedentes e possui residência fixa.