Taxa de desemprego cai para 9,3% em junho, menor patamar desde 2015

A taxa de desemprego no Brasil ficou em 9,3% no trimestre encerrado em junho, registrando o menor patamar para o período desde 2015, quando foi de 8,4%. Ainda assim, hå 10,1 milhÔes de brasileiros em busca de uma oportunidade. Os dados são da Pnad Contínua (Pesquisa por Amostra de Domicílios Contínua), do IBGE, e foram divulgados nesta sexta-feira.

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O resultado representa uma melhora em relação aos 11,1% registrados no trimestre encerrado em março, que serve de base de comparação. O nĂșmero de desempregados recuou 15,6% no trimestre, o que representa 1,9 milhĂŁo de pessoas a menos em busca por trabalho no paĂ­s.

— A retração da taxa de desocupação no segundo trimestre segue movimento já observado em outros anos. Em 2022, contudo, a queda mais acentuada dessa taxa foi provocada pelo avanço significativo da população ocupada em relação ao primeiro trimestre — destaca a coordenadora de Pesquisas por Amostra de Domicílios do IBGE, Adriana Beringuy.

Informalidade e emprego sem carteira no setor privado batem recorde

A população ocupada é a maior desde o início da série histórica da pesquisa, em 2012. Esse contingente foi estimado em 98,3 milhÔes, o que representa uma alta de 3,1% frente ao trimestre anterior e de 9,5% na comparação com o mesmo período do ano passado.

HĂĄ 3 milhĂ”es de pessoas a mais no mercado de trabalho, sendo 1,1 milhĂŁo na informalidade. O nĂșmero de trabalhadores informais, tambĂ©m foi o maior da sĂ©rie histĂłrica do indicador, iniciada no quarto trimestre de 2015: chegou a 39,3 milhĂ”es. Fazem parte dessa população os trabalhadores sem carteira assinada, empregadores e conta prĂłpria sem CNPJ, alĂ©m de trabalhadores familiares auxiliares.

O nĂșmero de trabalhadores por conta prĂłpria, que inclui formais e informais, foi estimado 25,7 milhĂ”es. É o maior contingente para um trimestre encerrado em junho desde 2012, inĂ­cio da sĂ©rie histĂłrica, embora menor do que o registrado em termos absolutos no trimestre encerrado em dezembro (25,9 milhĂ”es). HĂĄ mais 431 mil pessoas nessa condição frente ao trimestre anterior e 1,1 milhĂŁo em relação ao mesmo perĂ­odo do ano passado.

JĂĄ entre os empregados sem carteira assinada no setor privado, o aumento foi de 827 mil pessoas (ou 6,8%) frente ao Ășltimo trimestre. Com isso, o contingente tambĂ©m foi o maior da sĂ©rie, totalizando 13 milhĂ”es de pessoas.

JĂĄ no mercado de trabalho formal, houve um acrĂ©scimo de 908 mil pessoas no trimestre. No ano, o aumento foi de 3,7 milhĂ”es de trabalhadores (11,5%). Por outro lado, o nĂșmero de empregadores com CNPJ ficou estĂĄvel frente ao Ășltimo trimestre e subiu 12,7% na comparação anual. Dos 4,2 milhĂ”es de empregadores, 3,4 milhĂ”es (81%) sĂŁo formais.

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O rendimento médio real foi estimado em R$2.652, o que configura estabilidade na comparação com o primeiro trimestre. No ano, porém, houve queda de 5,1%. Jå a massa de rendimento chegou a R$255,7 bilhÔes, um aumento de 4,4% frente ao trimestre anterior e de 4,8% em relação ao mesmo período do ano passado.

— Embora nĂŁo haja aumento no rendimento mĂ©dio dos trabalhadores, houve crescimento da massa de rendimento porque o nĂșmero de pessoas trabalhando Ă© bastante elevado — ressaltou Beringuy.

Pnad x Caged

Na Ășltima quinta-feira, dia 28, o MinistĂ©rio do Trabalho e PrevidĂȘncia apontou a criação de 1.334.791 vagas no primeiro semestre, resultado inferior ao mesmo perĂ­odo do ano passado (1.478.997). O setor que mais contribuiu para a criação de empregos foi o de serviços, com 788,5 mil vagas criadas, de acordo com dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged).

As duas pesquisas nĂŁo sĂŁo comparĂĄveis, pois os nĂșmeros do Caged sĂŁo mensais e os da Pnad sĂŁo trimestrais. AlĂ©m disso, os dados do Caged sĂŁo coletados via empresas e englobam apenas o setor privado com carteira assinada, enquanto os dados da Pnad sĂŁo obtidos por meio de pesquisa domiciliar e abrangem tambĂ©m o setor informal da economia.

Perspectivas

Analistas estimam uma desaceleração da geração de postos de trabalho no segundo semestre. Isso porque a melhora do emprego no primeiro semestre deste ano foi motivada pela reabertura econÎmica e pela retomada do setor de serviços, fenÎmeno que perde força adiante.

Além disso, combinação de inflação, juros elevados e riscos políticos impactam a atividade econÎmica, o que dificulta o otimismo dos empresårios no que se refere à contratação de profissionais.

O Indicador Antecedente de Emprego (IAEmp) do FGV IBRE subiu 1,0 ponto em junho, para 81,9 pontos, maior nĂ­vel desde novembro do ano passado, quando ficou em 83 pontos.

"O aquecimento da atividade econĂŽmica aliado ao maior controle da pandemia favoreceram a criação de vagas nesse perĂ­odo, mas a desaceleração da taxa de crescimento do indicador e o patamar ainda baixo sinalizam cautela para os prĂłximos meses. Ainda Ă© possĂ­vel que ocorram novas altas do indicador, mas a tendĂȘncia para o resto do ano Ă© de maior oscilação considerando a incerteza do ambiente macroeconĂŽmico”, avaliou Rodolpho Tobler, economista do FGV IBRE.

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