Terceira Guerra Mundial? Conflito entre EUA e Irã toma conta do Twitter

Manifestantes queimaram uma bandeira dos EUA e exigiram retaliação após a morte do general Qassem Soleimani (Foto: AP Photo/Vahid Salemi)
Manifestantes queimaram uma bandeira dos EUA e exigiram retaliação após a morte do general Qassem Soleimani (Foto: AP Photo/Vahid Salemi)

por Luiza Missi

RESUMO DA NOTÍCIA

  • A hashtag #BolsonaroFicaCalado esteve entre os assuntos mais comentados no Brasil

  • Ação provocativa e desproporcional”, disse política democrata

A notícia do ataque dos Estados Unidos que resultou na morte de um general iraniano fez surgir um novo medo na população mundial: seria a tensão crescente entre EUA e Irã um sinal de que a Terceira Guerra Mundial acontecerá em 2020?

Para os brasileiros no Twitter, uma preocupação a mais: os usuários da rede temem que a proximidade do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) com Donald Trump, presidente dos EUA, signifique que o Brasil ativamente apoiará o país norte-americano em uma eventual guerra.

Essa preocupação tomou o Twitter brasileiro, e a hashtag #BolsonaroFicaCalado entrou para a lista de assuntos mais comentados do dia – já foram mais de 328 mil publicações com a tag.

Até agora, o presidente não se pronunciou sobre o assunto no Twitter, e em Brasília se limitou a comentar que a tensão pode aumentar o preço do petróleo no mercado internacional, o que deve ter repercussões no Brasil.

Especialistas em relações internacionais acreditam que a possibilidade de uma guerra mundial seja mínima no contexto político atual:

Alguns usuários da rede argumentaram que o ataque ao Irã é na verdade uma estratégia de Donald Trump para ganhar popularidade no ano das eleições presidenciais nos Estados Unidos.

Leia mais sobre o conflito entre Estados Unidos e Irã

Um vídeo de Trump condenando um ataque dos EUA ao Irã em 2011 já foi compartilhado mais de 15 mil vezes:

“Nosso presidente [Obama] vai começar uma guerra com o Irã porque ele não tem habilidade para negociar. Ele é fraco e ineficiente. Nós temos um problema de verdade na Casa Branca. Então eu acredito que ele vai atacar o Irã antes da eleição porque ele acha que é o único jeito de ser eleito. Não é patético?”, disse Trump em 2011

Outros acreditam que o ataque é uma estratégia dos EUA para ter acesso ao novo campo de petróleo descoberto no Irã no final de 2019:

Líderes políticos têm aproveitado a plataforma para anunciarem seu posicionamento sobre o assunto. O primeiro a fazê-lo foi o próprio presidente dos Estados Unidos, que publicou uma bandeira do seu país no momento do ataque:

Já na sexta-feira (3), Trump voltou ao Twitter para explicar sua decisão. Ele começou afirmando que “o Irã nunca venceu uma guerra, mas nunca perdeu uma negociação!”

Depois, fez uma provocação ao Irã ao afirmar que “O general Qassem Soleimani matou ou feriu gravemente milhares de americanos em um longo período de tempo, e planejava matar muitos mais... Mas foi pego! Ele era direta e indiretamente responsável pela morte de milhões de pessoas, inclusive o grande número recente de MANIFESTANTES no próprio Irã. O Irã nunca será capaz de admitir, mas Soleimani era odiado e temido dentro do país. Eles não estão nem de longe tão tristes quanto os líderes farão o mundo acreditar. Ele deveria ter sido morto anos atrás!”

Outros membros do partido de Trump comemoraram o ataque em seus perfis na rede social. Foi o caso do ex-governador e apresentador de televisão Mike Huckabee: “o ódio ao Trump é tão irracional que os malucos da esquerda estão do lado do Irã mesmo quando deveriam aplaudir o presidente por matar um dos piores terroristas da história, responsável pela morte de muitos americanos.”

De acordo com a senadora Lindsey Graham, o general iraniano Soleimani “assinou a própria sentença de morte ao planejar ataques em massa contra americanos no Iraque e no restante do Oriente Médio.”

O secretário de Estado americano, Mike Pompeo, compartilhou em seu perfil um vídeo de pessoas supostamente “dançando pela liberdade” no Iraque:

Políticos da oposição criticaram a decisão de Trump. A presidente da Câmara dos Representantes dos Estados Unidos, Nancy Pelosi, afirmou que “nós não podemos colocar ainda mais em risco as vidas de servidores, diplomatas e outros americanos com ações provocativas e desproporcionais.”

Candidatos à presidência nos Estados Unidos também se pronunciaram sobre o ataque no Twitter. O democrata Bernie Sanders reiterou sua postura anti-guerra e disse que o ataque pode levar a outra guerra cara e trágica:

Sanders não é o único preocupado com as consequências de uma eventual guerra. O senador Chris Murphy expressou suas preocupações: “Soleimani era um inimigo dos Estados Unidos. Não há dúvidas sobre isso. A pergunta é a seguinte: como testemunhos sugerem, os Estados Unidos acabaram de assassinar sem autorização do Congresso a segunda pessoa mais poderosa do Irã, conscientemente iniciando uma guerra regional?”

Javad Zarif, ministro das relações exteriores do Irã, condenou o ataque dos EUA: “O ato de terrorismo internacional dos EUA, mirando e assassinando o General Soleimani – a força mais eficiente na luta contra o Estado Islâmico, Al Nusrah, Al Qaeda e outros – é extremamente perigoso, e uma escalada insensata. Os Estados Unidos devem ser responsabilizados por todas as consequências de seu aventureirismo descontrolado.”