Terceira Guerra Mundial? Conflito entre EUA e Irã toma conta do Twitter
por Luiza Missi
RESUMO DA NOTÍCIA
A hashtag #BolsonaroFicaCalado esteve entre os assuntos mais comentados no Brasil
“Ação provocativa e desproporcional”, disse política democrata
A notícia do ataque dos Estados Unidos que resultou na morte de um general iraniano fez surgir um novo medo na população mundial: seria a tensão crescente entre EUA e Irã um sinal de que a Terceira Guerra Mundial acontecerá em 2020?
Para os brasileiros no Twitter, uma preocupação a mais: os usuários da rede temem que a proximidade do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) com Donald Trump, presidente dos EUA, signifique que o Brasil ativamente apoiará o país norte-americano em uma eventual guerra.
trump: o Brasil está conosco 😜😎
Bolsonaro: conte com a gente 😝🤪
Brasileiros: #WWIII #TerceiraGuerraMundial pic.twitter.com/cinoCvHpjw— bizinha ❤️🖤 (@looosk211) January 3, 2020
Essa preocupação tomou o Twitter brasileiro, e a hashtag #BolsonaroFicaCalado entrou para a lista de assuntos mais comentados do dia – já foram mais de 328 mil publicações com a tag.
Acho q agora é um ótimo momento para já falarmos antecipadamente:
BOLSONARO, FICA CALADO!#BolsonaroFicaCalado— Felipe Neto (@felipeneto) January 3, 2020
Até agora, o presidente não se pronunciou sobre o assunto no Twitter, e em Brasília se limitou a comentar que a tensão pode aumentar o preço do petróleo no mercado internacional, o que deve ter repercussões no Brasil.
Especialistas em relações internacionais acreditam que a possibilidade de uma guerra mundial seja mínima no contexto político atual:
Antes de falar em guerra mundial, convém olhar o mundo. França e Alemanha queriam salvar o acordo nuclear de 2015 com o Irã. Reino Unido escanteou-se com o Brexit. Otan vive seu pior momento. Não há sombra de convergência entre as potências. Trump parece açodado e descoordenado.
— João Paulo Charleaux (@jpcharleaux) January 3, 2020
Alguns usuários da rede argumentaram que o ataque ao Irã é na verdade uma estratégia de Donald Trump para ganhar popularidade no ano das eleições presidenciais nos Estados Unidos.
Leia mais sobre o conflito entre Estados Unidos e Irã
Embaixada dos EUA pede aos seus cidadãos que abandonem o Iraque
Acuado pelo impeachment, Trump puxa o gatilho e empurra EUA para a guerra
Quem era Qassem Soleimani, general iraniano morto em ataque dos EUA
Irã clama vingança após morte de general em bombardeio dos EUA
Um vídeo de Trump condenando um ataque dos EUA ao Irã em 2011 já foi compartilhado mais de 15 mil vezes:
“Nosso presidente [Obama] vai começar uma guerra com o Irã porque ele não tem habilidade para negociar. Ele é fraco e ineficiente. Nós temos um problema de verdade na Casa Branca. Então eu acredito que ele vai atacar o Irã antes da eleição porque ele acha que é o único jeito de ser eleito. Não é patético?”, disse Trump em 2011
This video should be playing on every screen on the planet. pic.twitter.com/QzxJR50uC3
— 🐺 (@Chasedogman) January 3, 2020
Outros acreditam que o ataque é uma estratégia dos EUA para ter acesso ao novo campo de petróleo descoberto no Irã no final de 2019:
Por que o Trump atacou o Irã? #TerceiraGuerraMundial #worldwar3 #WWIII
Pra levar liberdade e democracia pra lá pic.twitter.com/w0HwZ29Iq3— Rey Skywalker-Palpatine ☕ (@NAbortado) January 3, 2020
Líderes políticos têm aproveitado a plataforma para anunciarem seu posicionamento sobre o assunto. O primeiro a fazê-lo foi o próprio presidente dos Estados Unidos, que publicou uma bandeira do seu país no momento do ataque:
— Donald J. Trump (@realDonaldTrump) January 3, 2020
Já na sexta-feira (3), Trump voltou ao Twitter para explicar sua decisão. Ele começou afirmando que “o Irã nunca venceu uma guerra, mas nunca perdeu uma negociação!”
Iran never won a war, but never lost a negotiation!
— Donald J. Trump (@realDonaldTrump) January 3, 2020
Depois, fez uma provocação ao Irã ao afirmar que “O general Qassem Soleimani matou ou feriu gravemente milhares de americanos em um longo período de tempo, e planejava matar muitos mais... Mas foi pego! Ele era direta e indiretamente responsável pela morte de milhões de pessoas, inclusive o grande número recente de MANIFESTANTES no próprio Irã. O Irã nunca será capaz de admitir, mas Soleimani era odiado e temido dentro do país. Eles não estão nem de longe tão tristes quanto os líderes farão o mundo acreditar. Ele deveria ter sido morto anos atrás!”
....of PROTESTERS killed in Iran itself. While Iran will never be able to properly admit it, Soleimani was both hated and feared within the country. They are not nearly as saddened as the leaders will let the outside world believe. He should have been taken out many years ago!
— Donald J. Trump (@realDonaldTrump) January 3, 2020
Outros membros do partido de Trump comemoraram o ataque em seus perfis na rede social. Foi o caso do ex-governador e apresentador de televisão Mike Huckabee: “o ódio ao Trump é tão irracional que os malucos da esquerda estão do lado do Irã mesmo quando deveriam aplaudir o presidente por matar um dos piores terroristas da história, responsável pela morte de muitos americanos.”
Hate of @realDonaldTrump is so irrational that celebs and leftist loons are taking Iran's side when even they should applaud @POTUS for taking out one of the worst terrorists in world responsible for deaths of many Americans. #TDS https://t.co/ZCXBGYooBZ
— Gov. Mike Huckabee (@GovMikeHuckabee) January 3, 2020
De acordo com a senadora Lindsey Graham, o general iraniano Soleimani “assinou a própria sentença de morte ao planejar ataques em massa contra americanos no Iraque e no restante do Oriente Médio.”
President @realDonaldTrump took decisive, preemptive action to foil a plot directed at American personnel.
As to what happens next: It should be clear to Iran that President Trump will not sit idly by if our people and interests are threatened.— Lindsey Graham (@LindseyGrahamSC) January 3, 2020
O secretário de Estado americano, Mike Pompeo, compartilhou em seu perfil um vídeo de pessoas supostamente “dançando pela liberdade” no Iraque:
Iraqis — Iraqis — dancing in the street for freedom; thankful that General Soleimani is no more. pic.twitter.com/huFcae3ap4
— Secretary Pompeo (@SecPompeo) January 3, 2020
Políticos da oposição criticaram a decisão de Trump. A presidente da Câmara dos Representantes dos Estados Unidos, Nancy Pelosi, afirmou que “nós não podemos colocar ainda mais em risco as vidas de servidores, diplomatas e outros americanos com ações provocativas e desproporcionais.”
American leaders’ highest priority is to protect American lives and interests. But we cannot put the lives of American servicemembers, diplomats and others further at risk by engaging in provocative and disproportionate actions. https://t.co/o0R8YVJMNW
— Nancy Pelosi (@SpeakerPelosi) January 3, 2020
Candidatos à presidência nos Estados Unidos também se pronunciaram sobre o ataque no Twitter. O democrata Bernie Sanders reiterou sua postura anti-guerra e disse que o ataque pode levar a outra guerra cara e trágica:
Trump's dangerous escalation brings us closer to another disastrous war in the Middle East that could cost countless lives and trillions more dollars.
Trump promised to end endless wars, but this action puts us on the path to another one.— Bernie Sanders (@BernieSanders) January 3, 2020
Sanders não é o único preocupado com as consequências de uma eventual guerra. O senador Chris Murphy expressou suas preocupações: “Soleimani era um inimigo dos Estados Unidos. Não há dúvidas sobre isso. A pergunta é a seguinte: como testemunhos sugerem, os Estados Unidos acabaram de assassinar sem autorização do Congresso a segunda pessoa mais poderosa do Irã, conscientemente iniciando uma guerra regional?”
Soleimani was an enemy of the United States. That’s not a question.
The question is this - as reports suggest, did America just assassinate, without any congressional authorization, the second most powerful person in Iran, knowingly setting off a potential massive regional war?— Chris Murphy (@ChrisMurphyCT) January 3, 2020
Javad Zarif, ministro das relações exteriores do Irã, condenou o ataque dos EUA: “O ato de terrorismo internacional dos EUA, mirando e assassinando o General Soleimani – a força mais eficiente na luta contra o Estado Islâmico, Al Nusrah, Al Qaeda e outros – é extremamente perigoso, e uma escalada insensata. Os Estados Unidos devem ser responsabilizados por todas as consequências de seu aventureirismo descontrolado.”
The US' act of international terrorism, targeting & assassinating General Soleimani—THE most effective force fighting Daesh (ISIS), Al Nusrah, Al Qaeda et al—is extremely dangerous & a foolish escalation.
The US bears responsibility for all consequences of its rogue adventurism.— Javad Zarif (@JZarif) January 3, 2020