Torres foi alertado sobre atos de 8 de janeiro e não agiu, diz interventor
Relatório final mostra que ex-secretário sabia sobre a possibilidade de invasão a prédios públicos
(REUTERS/Adriano Machado)
O ex-secretário de Segurança do Distrito Federal (DF), Anderson Torres, recebeu informações sobre a tomada de poder e invasão de prédios públicos em 8 de janeiro e não agiu. É o que aponta o relatório final sobre os atos golpistas apresentado nesta sexta-feira (27).
Segundo Ricardo Cappelli, interventor na segurança do DF, o gabinete de Torres foi avisado no dia 6 de janeiro sobre as manifestações marcadas para dois dias depois. Havia uma "ameaça concreta" do que o interventor chamou de "tomada de poder".
"O gabinete do secretário recebeu a informação sobre [os atos golpistas] e não houve um plano de ações integradas que é de praxe. A informação, difundida na internet, previa invasão de prédios públicos. Faltou comando e responsabilidade", disse Cappelli.
Naquele dia 6, Torres viajou a Orlando, nos Estados Unidos. Ele só voltou dia 14, quando foi preso pela Polícia Federal (PF). Ele segue detido no 4º Batalhão da Polícia Militar do Distrito Federal.
Acampamentos tinham papel importante. O interventor destacou que os acampamentos bolsonaristas montados em frente ao QG do Exército em Brasília serviam como o centro de construção de planos contra a democracia.
"É importante registrar que não é um acampamento comum. Porque acampamento não tem cozinha montada, não tem infraestrutura, como tinha de banheiros químicos, geradores. Era toda uma estrutura montada numa verdadeira mini cidade golpista, terrorista, montada em frente ao QG do Exército", disse.
Exército. Durante a apresentação do relatório, Cappelli também apontou que já fatos que comprovam que houve interferência do Exército na dificuldade de desmobilização do acampamento golpista em Brasília.
O relatório
Documento será enviado ao Ministério da Justiça e Segurança Pública;
Também será enviado ao ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Alexandre de Moraes;
A entrega foi adiada em um dia, já que foi necessário aguardar as imagens do vandalismo coletadas pelas câmeras do STF, divulgadas na quarta (25).