Turquia: Crescente Vermelho é acusado de vender tendas que deveriam ser doadas a vítimas do terremoto
Três semanas após o terremoto de magnitude 7,8 que devastou o sudeste da Turquia, deixando mais de um milhão de pessoas desabrigadas no país, o jornalista investigativo turco Murat Agirel revelou em matéria do jornal Cumhuriyet que o Crescente Vermelho turco vendeu tendas a uma ONG, em lugar de doá-las aos desalojados.
Céline Pierre-Magnani, correspondente da RFI em Istambul
A notícia causou uma onda de indignação nas redes sociais. Rapidamente, manifestações organizadas pelo Partido dos Trabalhadores da Turquia tomaram as ruas. Cerca de 100 pessoas se reuniram do lado de fora das instalações do Crescente Vermelho turco, do lado asiático de Istambul.
Haluk Levent, cantor e fundador da ONG Ahbap, admitiu ter comprado 15.250 tendas, das quais 2.500 do Crescente Vermelho turco, no 3º dia após o terremoto, no auge da crise humanitária, por 46 milhões de libras turcas (R$ 12,6 milhões).
Críticas crescentes
A notícia chocou a opinião pública, em um momento em que autoridades turcas pedem doações ao Crescente Vermelho. A ONG e a AFAD, a organização de resposta ao terremoto, têm sido alvos de fortes críticas desde o início da crise, principalmente pela intervenção tardia.
A imprensa independente e a oposição também criticam as organizações por terem atribuído cargos a pessoas próximas ao AKP, partido do presidente Recep Tayyp Erdogan, e não a profissionais competentes nas áreas de ajuda humanitária
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