Twitter obriga Malafaia a apagar postagens antivacina e deixa pastor 12h sem publicar

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*ARQUIVO* Rio de Janeiro, Rj, BRASIL. 09/12/2021; O pastor Silas Malafaia na cidade do Rio de Janeiro. ( Foto: Ricardo Borges/Folhapress)
*ARQUIVO* Rio de Janeiro, Rj, BRASIL. 09/12/2021; O pastor Silas Malafaia na cidade do Rio de Janeiro. ( Foto: Ricardo Borges/Folhapress)

FORTALEZA, CE (FOLHAPRESS) - ApĂłs exigĂȘncia do Twitter, o pastor Silas Malafaia excluiu pelo menos 11 postagens em que associava a vacinação contra Covid-19 para crianças a "infanticĂ­dio", ideia contrĂĄria a diversos estudos que mostram que a imunização infantil Ă© segura.

O religioso Ă© alvo de protestos na hashtag #DerrubaMalafaia, em que tuiteiros pedem o banimento da conta dele. O episĂłdio acontece em meio Ă  crise entre a rede e usuĂĄrios sobre diretrizes para lidar com fake news na pandemia.

A rede social disse Ă  reportagem, em nota, que solicitou ao lĂ­der religioso a remoção do conteĂșdo apĂłs constatar que os tuĂ­tes de Malafaia eram "gravemente nocivos" e violaram a polĂ­tica de informaçÔes enganosas sobre a Covid-19. O perfil do evangelista teve suas atividades restritas por 12 horas. Pelas regras, o religioso ainda pode recorrer Ă  anĂĄlise da plataforma.

O líder da Assembleia de Deus Vitória em Cristo disse à reportagem que está "dando gargalhada" diante dos pedidos de remoção do seu perfil. "É um movimento de ‘esquerdopatas’, gente que me odeia. Tenho que rir, deram uma divulgação desgraçada para o vídeo", diz Malafaia, referindo-se ao material em que associa a imunização à morte de crianças–o que contraria falas de especialistas do Brasil e do mundo.

Na filmagem, que foi retirada do Twitter, mas continua disponĂ­vel em outras redes, o pastor mostra captura de tela de um estudo que cita dados do MinistĂ©rio da SaĂșde de setembro de 2021 para argumentar que Ă© baixo o Ă­ndice de mortalidade infantil por Covid-19.

"NĂŁo existe nenhum risco grave de crianças morrendo. A quem interessa isso (vacinação infantil)? Isso Ă© infanticĂ­dio. Isso Ă© um absurdo. Se nĂłs tivĂ©ssemos com alto nĂșmero de crianças morrendo, entĂŁo seria a escolha de Sofia. Mas nĂŁo tem", afirma no vĂ­deo.

Em entrevista ao jornal Folha de S.Paulo, Malafaia criticou a polĂ­tica do Twitter para lidar com sinalização de conteĂșdo falso. "‘NĂȘgo’ faz pressĂŁo e o Twitter tira primeiro a postagem do ar para depois te perguntar se vocĂȘ quer se defender. JĂĄ viu isso? Te acusam, te botam na cadeia e dizem: ‘agora vocĂȘ vai se defender’. É o que o Twitter faz. Tem que ser ao contrĂĄrio. Isso Ă© uma vergonha."

Pelas regras da plataforma, as penalidades são aplicadas a tuítes que possam expor as pessoas a mais risco de contrair ou transmitir a doença, como os que negam a eficåcia de medidas de proteção, sugerem tratamentos não aprovados ou distorcem estudos sobre vacinas.

As puniçÔes começam com o uso de uma etiqueta para sinalizar que o tuĂ­te Ă© enganoso e podem chegar Ă  suspensĂŁo permanente de um usuĂĄrio, quando ele comete a partir de cinco transgressĂ”es. Como pelo menos 11 postagens de Malafaia violaram as regras, os usuĂĄrios tĂȘm pedido Ă  rede o banimento permanente do perfil do pastor evangĂ©lico.

Na semana passada, a hashtag #TwitterApoiaFakeNews cobrou do site uma revisão nos fluxos para sinalizar postagens inverídicas. O estopim para as manifestaçÔes foi a concessão do selo azul à blogueira bolsonarista Bårbara Destefani, da pågina "Te Atualizei". A ativista é apontada pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral) como disseminadora de fake news e viu seu canal no YouTube ser desmonetizado por decisão judicial em 2020.

Depois das manifestaçÔes de usuĂĄrios contra a verificação de BĂĄrbara, o MPF (MinistĂ©rio PĂșblico Federal) pediu Ă  plataforma, na quinta-feira (6), explicaçÔes acerca das regras para lidar com fake news e verificar perfis. O Twitter recebeu dez dias para responder ao ofĂ­cio do ĂłrgĂŁo e disse que sĂł comentarĂĄ o assunto nos autos do processo.

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