AFP
A chanceler francesa, Catherine Colonna, reúne-se nesta quarta-feira (8) com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em um dia de encontros em Brasília para relançar as relações bilaterais, após seu retorno ao poder. A visita "marca o início de um relançamento da colaboração política que nos une ao Brasil (...), à qual vamos dar uma nova ambição", afirmou a ministra francesa, em entrevista coletiva com o chanceler brasileiro, Mauro Vieira. "Venho ao Brasil para que nossos dois países iniciem uma nova dinâmica em suas relações", insistiu Catherine, que também se reuniu com a ministra do Meio Ambiente e Mudanças Climáticas, Marina Silva.Vieira garantiu, por sua vez, que o governo Lula busca “virar a página dos últimos anos” com o mandato do presidente de extrema direita Jair Bolsonaro (2019-2022), para “restaurar nossas relações no mais alto nível”.Colonna será recebida às 15h por Lula, cujo retorno ao poder em janeiro criou condições para que Paris e Brasília retomem relações de confiança, após as agudas crises durante o governo Bolsonaro. Sua visita prepara a do presidente Emmanuel Macron ao Brasil, em data ainda não anunciada e que pode coincidir com a organização de uma cúpula sobre a Amazônia.Tendo o meio ambiente como um dos eixos da visita, Colonna admitiu que a França "está estudando a possibilidade de uma contribuição bilateral" para o Fundo Amazônia. Após a eleição de Lula, Noruega e Alemanha reativaram sua contribuição para esse fundo, destinado a financiar projetos de preservação da maior floresta tropical do mundo. Sobre o acordo de livre-comércio entre União Europeia e Mercosul (Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai), a chanceler francesa defendeu a importância de sua assinatura. “Agora estamos mais confiantes na capacidade do Brasil de aceitar, em um futuro acordo, o respeito aos princípios sociais e ambientais”, afirmou. Sobre a guerra em curso na Ucrânia, a ministra defendeu a responsabilidade da Rússia, reagindo a uma declaração de Lula, antes de sua posse, de que o presidente Volodimir Zelensky era "tão responsável" quanto Vladimir Putin. "A Rússia começou a guerra. Não podemos pôr ambos os países no mesmo nível. Não há uma equivalência de responsabilidade", disse Colonna. Ela afirmou, porém, que "qualquer iniciativa dirigida a trazer a paz, em respeito ao Direito Internacional é bem-vinda", referindo-se à proposta de Lula de criar um grupo de países mediadores do conflito.As relações políticas entre Brasil e França se deterioraram durante o mandato de Bolsonaro, especialmente em 2019 quando, desesperado com as críticas aos gigantescos incêndios na Amazônia, o ex-chefe de Estado de extrema direita e dois de seus ministros insultaram Macron e sua esposa, Brigitte. A chanceler francesa viaja para São Paulo na quinta-feira (9). A França é o terceiro maior investidor estrangeiro no Brasil, com US$ 32 bilhões em investimentos. É também o maior empregador estrangeiro, com 500.000 trabalhadores brasileiros, empregados em 1.100 empresas francesas.pt/msi/app/ll/aa/tt